*Por Otávio Argenton e Eduardo Prazeres
A transformação digital não é mais uma novidade para as empresas brasileiras, pelo contrário, já se faz presente na grande maioria delas, com a utilização das ferramentas tecnológicas mais inovadoras do mercado. Com este cenário, a exigência por profissionais qualificados no setor de tecnologia cresce cada vez mais, conforme aponta um levantamento realizado pela empresa de recrutamento GeekHunter. De acordo com a pesquisa, o segmento de tecnologia teve um aumento de 136% em suas vagas abertas em 2021, comparado ao ano anterior.
No entanto, o principal desafio das companhias tem sido preencher esse grande volume de novas vagas. Segundo dados da Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais), a projeção não é otimista, e até 2025, o déficit de mão de obra no setor deve chegar a 797 mil. Mas, por que com tantas oportunidades de emprego, ainda faltam profissionais de tecnologia para suprir essa demanda de mercado?
Desafios dos profissionais e empresas de tecnologia
É possível afirmar que uma soma de fatores leva a este resultado, sendo o primeiro deles a carência da formação de profissionais qualificados no Brasil. Hoje em dia, uma criança já nasce convivendo com a tecnologia e o acesso ao seu aprendizado é bastante simples. Porém, para tornar-se um profissional do ramo, é necessária uma formação técnica muito mais profunda e especializada, a qual requer cursos, treinamentos e especializações constantes, uma vez que a tecnologia se desenvolve e se atualiza frequentemente.
Esta qualificação pode ser considerada uma via de mão-dupla, dependendo das instituições de ensino, que devem estar cada vez mais preparadas para educar o aluno e do interesse do próprio profissional em colocar a teoria em prática e evoluir na profissão dia a dia, realizando orientações, mentorias e sempre se instruindo sobre as novas atualizações tecnológicas.
Um outro desafio encarado pelas empresas, impactando diretamente no déficit de profissionais de tecnologia no mercado brasileiro é o êxodo de mão de obra para fora do país, visto que o interesse de empresas estrangeiras cresce exponencialmente. O grande gargalo neste caso é a moeda brasileira enfraquecida tendo que competir com os salários em euro, dólar, libras, entre outros. Em alguns casos, com tamanho avanço da tecnologia atual, os profissionais podem até mesmo optar por não sair do país, mas receber o salário já convertido por algum banco em comum acordo com a empresa internacional.
Neste cenário, ao colocar uma moeda ao lado da outra, a briga torna-se quase impossível. Portanto, a melhor maneira de as empresas brasileiras manterem-se competitivas perante ao mercado externo é investindo em sua própria identidade, estando alinhados a mesma missão e valores dos colaboradores, a fim de que cada profissional entenda o propósito de estar ali, criando assim, um desejo genuíno em fazer parte e crescer na companhia.
Impactos da falta de profissionais de tecnologia para as empresas
Com vagas disponíveis, mas nem todas preenchidas, as organizações podem sofrer alguns prejuízos, como projetos represados, já que sem a quantidade ideal de profissionais qualificados, diversos projetos atrasar, ou até mesmo serem inviabilizados. Além disso, há o impacto financeiro por duas razões: um preço muito alto é investido para formar um profissional qualificado dentro da própria empresa, bem como para encontrar um profissional já especializado e preparado no mercado de tecnologia.
Ademais, a pandemia de Covid-19 também acarretou em impactos às companhias, sendo um deles o aumento dos casos relacionados à saúde mental. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a pandemia desencadeou um crescimento global de 25% na prevalência de ansiedade, depressão e Burnout.
Sendo assim, este novo cenário tecnológico acelerado pós-pandêmico também tem trazido sérios impactos às organizações, que por sua vez, devem contribuir para que os colaboradores encontrem um equilíbrio entre sua vida profissional e pessoal, por meio de cargas horárias ajustadas, salários compatíveis ao mercado e, ainda, ações voltadas ao apoio emocional.
Perspectivas para o futuro
O déficit de profissionais de tecnologia no Brasil pode ser superado ao longo do tempo. Em diversas empresas, o salário não é o único fator ou o principal para atrair um colaborador. Por isso, é necessário que as companhias priorizem não apenas o fator financeiro, mas também ações de recursos humanos efetivas focadas em saúde física e mental dos colaboradores, contribuindo com o equilíbrio da vida pessoal e profissional dos colaboradores de forma saudável nesse modelo home office.
Por parte dos profissionais, é preciso uma constante qualificação para acompanhar as atualizações do mercado, sempre se atentando em estar conectado aos planos e toda cultura da empresa em que trabalha ou que deseja trabalhar, trocando conhecimentos e trabalhando em equipe.
Desta forma, assim como diversos fatores contribuem para o aumento da falta de profissionais de tecnologia nas empresas brasileiras, outros muitos fatores podem colaborar para a sua retomada. E, as empresas devem investir em inovação, uma universidade interna, com uma área de Recursos Humanos com perspicácia e provocativa interligada aos negócios da companhia para atrair e reter novos profissionais.
*Otávio Argenton é Country Manager e Eduardo Prazeres é Diretor de Recursos Humanos, ambos da SoftwareONE, provedora global e líder em soluções de ponta-a-ponta para softwares e tecnologia de nuvem.
Aviso: A opinião apresentada neste artigo é de responsabilidade de seu autor e não da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software