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A ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software levou aos participantes do ABES Conference 2022 a reflexão sobre onde irão estar em 2023 ao discutir as constantes mudanças no cenário tecnológico. Durante o evento, quatro protagonistas da cena ESG (Meio Ambiente, Responsabilidade Social e Governança Corporativa) contaram como estão praticando o capitalismo de stakeholders e criando valor de longo prazo com impacto positivo para todas as partes interessadas e para o planeta. 

Kelly Silva Baptista, Diretora executiva da Fundação 1Bi do Grupo Movile, trabalha há 21 anos com responsabilidade social. Atualmente, atua em levar a tecnologia para pessoas em extrema vulnerabilidade social por meio da educação. “A maioria dos filhos de famílias periféricas não tiveram acesso ao conteúdo escolar durante a pandemia. Muitos professores da rede pública de ensino têm mais de 1.200 alunos. Por mais que a gente fale que o Brasil está no protagonismo do desenvolvimento tecnológico, 30 milhões de brasileiros estão abaixo da linha da pobreza. Portanto, é urgente pensarmos em tecnologia para quem sustenta esse país”, disse Kelly.

“Não é mais sustentável gerar 1kg de lixo por habitante por dia, como fazemos no Brasil. Temos muita responsabilidade com isso, tanto como cidadãos como representantes de empresas das quais atuamos.”, disse Cristovam Ferrara, Head de Responsabilidade Social da Rede Globo. Segundo ele, a Globo entende que tanto inovação como ESG deve ser composto por times de toda a organização para que haja engajamento às pautas e, para que o compromisso seja sério, precisa ser selado com metas. Entre os compromissos da Globo, estão o Impacto Social do conteúdo, Diversidade e Inclusão dentro e fora das telas, Desenvolvimento e Bem-estar dos colaboradores, Biodiversidade e consciência ambiental, Governança transparente e responsável e Educação como vetor de transformação do país. 

Rodolfo Fücher, Presidente do Conselho da ABES, falou sobre a importância do descarte correto de equipamentos eletrônicos e a responsabilidade das associações em disseminar conhecimento às empresas. “A tecnologia evolui muito rápido e, consequentemente, os aparelhos se tornam obsoletos muito rápido. Precisamos ter um olhar especial para o descarte de eletrônicos”, explicou. A associação aderiu à Rede Brasil do Pacto Global da ONU, que tem como meta mobilizar a comunidade empresarial na adoção e promoção de boas práticas corporativas, com o compromisso de apoiar 9 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, por meio da Mobilização pela Redução da Desigualdade e da iniciativa Um Empresa Ética. A plataforma do Pacto Global inclui o monitoramento de compromissos públicos já divulgados pelas companhias relacionados à sustentabilidade e a produção de conhecimento sobre o avanço para os ODS.    

Open Innovation e Corporate Ventures foram abordados ao longo do evento, onde Fernando Freitas, Superintendente de Pesquisas e Inovação do Bradesco; Beatriz Claudino, Transformação Digital, Inovação aberta e Projetos de Inovação da Suzano; e Cassio Spina, Líder do Comitê de Startups da ABES falaram sobre como o uso de capital corporativo pode acelerar a inovação nas empresas. “Na prática, ambidestria, ou seja, olhar para o curto prazo ao mesmo tempo em que se ganha espaço de o olho no futuro, além de disseminar e descentralizar a inovação, para que todas as áreas tenham em mente os conceitos de inovação e vejam, na prática, os resultados da inovação, nos permite que tenhamos propostas disruptivas.”, afirmou Beatriz Claudino.

Outro tema foi a próxima grande onda das startups em que as DeepTechs, CleanTechs, HealthTechs e AgTechs têm mudado a economia e a resolução dos grandes problemas globais. Para debater este assunto, a ABES convidou Mona Oliveira, Fundadora e co-CEO da BioLinker; Jorge Pacheco, Fundador e CEO do STATE Innovation Center, Centro de Inovaçao e Aceleração de Startups Deep Tech; Ana Zucato, CEO e fundadora da fintech Noh; e Eduardo Felipe Matias, Líder do Comitê de Startups da ABES que explicou que “existe uma necessidade hoje de proteger essas empresas e fomentar negócios de impacto, que tem fins lucrativos, mas também uma entrega positiva para a sociedade. Pesquisas recentes mostram que temos mais de 70% de crescimento desse tipo de empresa no Brasil. Quanto maior o problema a ser resolvido, maior a chance de faturar em cima dele, por isso muitas vezes as empresas que estão em busca disso tem base tecnológica, condições de escalar a solução e podem atender ao investidor em curto prazo ou com o apoio do Estado”. 

Ainda nesta tarde, mediados por Eduardo Paranhos, líder do grupo de trabalho sobre IA da ABES, Luke Gbedemah, jornalista inglês, especializado em Inteligência Artificial e responsabilidade corporativa na Tortoise Media; Ashley Casovan, Diretora Executiva do Responsible AI Institute; Diogo Costa, Presidente da ENAP (Escola Nacional de Administração Pública); e Miriam Wimmer, Professora e pesquisadora falaram sobre as perspectivas globais e melhores práticas da IA responsável. Segundo eles, é consenso mundial a necessidade de debate regulatório sobre o tema e o Brasil está tomando parte neste processo. “O Brasil tem a oportunidade de ocupar o protagonismo nesse debate, ao ficar entre o pessimismo europeu e o otimismo norte-americano.”, ressaltou o presidente da ENAP.

“Algoritmos não podem se apaixonar, por isso nunca haverá uma Inteligência Artificial Geral”, diz Barry Smith durante congresso da ABES

Para construir uma Inteligência Artificial Geral (AGI), seria necessária tecnologia com uma inteligência que é pelo menos compatível à dos seres humanos, o que implica criar um modelo matemático que permitiria a previsão do comportamento. Como o sistema neurocognitivo humano é complexo e, portanto, impossível de ser traduzido em modelos matemáticos, não é possível criar uma emulação de software humano. Esses são os motivos pelos quais uma AGI é impossível, segundo Barry Smith, Diretor do Centro Nacional de Pesquisa Ontológica (NCOR) e professor da Universidade Buffalo. O autor de “Why Machines Will Never Rule the World: Artificial Intelligence without Fear” (Por que as máquinas nunca dominarão o mundo: inteligência artificial sem medo) está no Brasil para participar do ABES Conference 2022.

Smith explica o porquê não é possível emular os sentimentos humanos e o porquê a IA continuará sendo mais eficiente que os humanos ao longo de certos caminhos, como no reconhecimento de padrões, mas nunca será capaz de aprender sobre predição: “A IA só funcionada quando há certa distribuição e em sistemas simples, em que a predição pode ser feita via matemática newtoniana e lógica. Somos um sistema complexo, em que há novos elementos, forças, interações o tempo todo. Cada um dos 100 bilhões dos nossos neurônios são um sistema complexo”.

Como exemplo, Smith fala sobre os sistemas de tradução online que não entendem o sentido das palavras. “Se você traduzir algo de inglês para português, do português para o alemão e depois para o inglês novamente, não haverá semântica e as frases perderão o sentido”, resumiu. Segundo ele, esses sistemas utilizam 213 milhões de parâmetros que nunca serão “explicáveis” e criam modelos simplificados das línguas. “Fazem um bom trabalho, mas falham frente a um tradutor humano, pois há muitos aspectos da linguística que não são conscientes, possuem muitos parâmetros e variações. O tradutor online trabalha com o que é estático e não com a semântica cognitiva”, explicou o professor durante a abertura do ABES Conference 2022.

Na sequência, Marc Etienne Ouimette, Global Lead, AI Policy da AWS; Aline Oliveira Pezente, Co-fundadora e Chief of AI & Product Strategy da Traive; e Caio Guimarães, Partner do Boston Consulting Group GAMMA (divisão de Inteligência Artificial) falaram sobre como usam a inteligência ativa na tomada de decisão, a importância e os resultados ao garantir a alfabetização de dados das pessoas e como transformar resultados da IA, Big Data e Analytics em inteligência acionável para negócios. Segundo eles, a inteligência ativa não é só para grandes empresas, mas é preciso mudar culturalmente para que as decisões sejam tomadas com base em dados. E, para isso, contratar e treinar talentos é fundamental para que a inteligência ativa seja real. 

A formação, retenção e atração de profissionais também foi destaque da segunda mesa redonda, que debateu como ter abundância de talentos em um mundo sem fronteiras. Para Eva Pereira – Alianças, Marketing e Legal da WOMCY (Women in Cybersecurity), focar em diversidade, equidade e softskills pode ser a chave para o crescimento de talentos em uma empresa. Izabel Branco, Vice-presidente de Recursos Humanos da Totvs acredita que além da habilidade técnica e visão de negócios, olhar para o que cada um pode entregar de melhor é fundamental: “Carreiras em Y são importantíssimas. É necessário saber reconhecer uma pessoa que é técnica e não quer ser gestor e, além disso, reconhecer o que é importante para aquela função, não necessariamente para aquela carreira”, explicou. Já David de Oliveira Lemes, Diretor da Faculdade de Estudos Interdisciplinares da PUC-SP e Guilherme Neves Cavalieri, Diretor Acadêmico da XP Educação defendem que a formação técnica agregada ao desenvolvimento de soft skills deve ser uma premissa básica para a formação de alunos dos cursos de tecnologia.

O evento completo pode ser visto no canal da ABES no YouTube.

Sobre a ABES           

A ABES (Associação Brasileira das Empresas de Software) tem como propósito contribuir para a construção de um Brasil mais digital e menos desigual, no qual a tecnologia da informação desempenha um papel fundamental para a democratização do conhecimento e a criação de novas oportunidades para todos. Nesse sentido, tem como objetivo assegurar um ambiente de negócios propício à inovação, ético, dinâmico, sustentável e competitivo globalmente, sempre alinhado a sua missão de conectar, orientar, proteger e desenvolver o mercado brasileiro da tecnologia da informação.

Atualmente, a ABES representa aproximadamente 2 mil empresas, que totalizam cerca de 85% do faturamento do segmento de software e serviços no Brasil, distribuídas em 24 Estados brasileiros e no Distrito Federal, responsáveis pela geração de mais de 210 mil empregos diretos e um faturamento anual da ordem de R$ 80 bilhões em 2020.

Acesse o Portal ABES ou fale com a Central de Relacionamento: +55 (11) 2161-2833.

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