Escolha uma Página
Compartilhe

*Por Gustavo Bernardi e Denny Thame

política industrial brasileira emerge como um marco decisivo para o desenvolvimento do país, alinhando estratégias ambiciosas para impulsionar uma nova industrialização. No epicentro dessa transformação, está a capacidade de integrar tecnologia verde ao setor agrícola, promovendo não apenas avanços produtivos, mas também uma abordagem sustentável e inovadora para o campo brasileiro. 

A política proposta pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) destaca missões cruciais, entre elas, o fortalecimento das cadeias agroindustriais. Sob essa premissa, a segurança alimentar e nutricional da população brasileira é potencializada pelo aumento para 70% dos estabelecimentos de agricultura familiar mecanizados, que hoje são  apenas 18%. Outra meta importante é a de ter 95% das máquinas agrícolas produzidas nacionalmente é um passo decisivo em direção à autonomia tecnológica, reduzindo dependências externas e fomentando a inovação local. 

Os recursos são significativos, totalizando R$ 300 bilhões até 2026, administrados por instituições como BNDES, Finep e Embrapii, e representam a base financeira robusta para impulsionar essa transformação. No âmbito do Plano Mais Produção, os eixos específicos, como “Mais Inovação e Digitalização” e “Mais Verde”, delineiam estratégias para financiar projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação, bem como iniciativas sustentáveis na indústria. 

O Programa Mais Inovação, operado pelo BNDES e pela Finep, já está em execução com um investimento total de R$ 60 bilhões, destacando-se pelo menor patamar de juros já aplicados para financiamento à inovação no país. Os R$ 20 bilhões destinados a recursos não-reembolsáveis, lançados por meio de 11 chamadas públicas, sinalizam o compromisso em compartilhar os custos e riscos associados a atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação com as empresas.

A integração da tecnologia verde ao campo brasileiro é enfatizada pela política industrial, promovendo o desenvolvimento de equipamentos para agricultura de precisão, máquinas agrícolas de última geração e otimização da capacidade produtiva da agricultura familiar. A busca pela mecanização de 70% dos estabelecimentos de agricultura familiar representa um avanço significativo, aumentando a eficiência operacional e reduzindo a dependência de práticas tradicionais. 

A iniciativa não apenas moderniza o setor, mas também almeja torná-lo mais sustentável. Com o uso de recursos não-reembolsáveis, o governo compartilha com as empresas os custos e riscos inerentes a atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação, incentivando a adoção de práticas mais ecológicas e eficientes. 

A conexão entre a Nova Indústria Brasil e o avanço tecnológico agrícola é ainda fortalecida pelo estímulo à inovação na indústria 4.0, no desenvolvimento de produtos digitais e na produção nacional de semicondutores. Essas tecnologias não só impulsionam a eficiência produtiva, mas também abrem portas para a agricultura de precisão, promovendo a sustentabilidade ambiental e o uso eficiente de recursos. 

Além disso, a ênfase na transformação ecológica na indústria, com prioridade para a produção de bioenergia e equipamentos para geração de energia renovável, reflete o compromisso com a transição para práticas mais sustentáveis. 

Em síntese, a Nova Indústria Brasil não apenas representa uma visão abrangente para o desenvolvimento nacional, mas também sinaliza uma mudança paradigmática na interação entre a indústria e a tecnologia verde no campo. Ao impulsionar a inovação, sustentabilidade e eficiência no setor agrícola, o Brasil está preparando o terreno para uma nova era de desenvolvimento tecnológico e industrial, alinhado aos desafios e oportunidades do século XXI.

*Gustavo Bernardi é graduando em Engenharia Agronômica pela ESALQ/USP. Denny Thame é fellow do Think Tank AbesAs opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, os posicionamentos da Associação.

Aviso: A opinião apresentada neste artigo é de responsabilidade de seu autor e não da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software

acesso rápido

pt_BRPT