Bruna era uma menina linda em seus 15 anos de idade. Uma beleza sem doçura nos traços, mas cheia de candura no sorriso. Bastante tímida, era estudiosa e muito curiosa. Por ser filha única, sempre foi muito grudada com a mãe, a quem via como uma brava guerreira, corajosa e capaz.
Mas, de uns tempos para cá, Bruna começou a ficar cabisbaixa, sem encontrar muita razão para viver. A vida parecia sem sal e sem açúcar, neutra. Seu comportamento passou a ser percebido pela mãe como algo preocupante.
Logo depois, Bruna estava na sala de um psiquiatra, sob indicação de uma psicóloga. E veio o diagnóstico dele, tão avassalador, hoje em dia, quanto a palavra câncer: ela estava com depressão, segundo o especialista. Então, um cânion pareceu ter rompido a superfície. O que fazer agora? Como lidar com isso? Mas depressão por quê? Ela sempre teve tudo.
Os pais começaram a se desesperar com o que o médico tinha dito. E mais, que ela deveria ser medicada, pois poderia ficar mais grave. A mãe de Bruna sempre foi muito crente nas forças da mente, tendo aprendido desde cedo que a mente pode maravilhas, se bem usada. Não se contentou com as palavras daqueles dois profissionais e resolveu ouvir uma terceira opinião.
Procurou uma pessoa que trabalhava com diversas ferramentas voltadas para o desenvolvimento e resgate da felicidade. Foi um papo longo e, ao fim da conversa, a mãe de Bruna viu uma luz no fim do túnel. Na semana seguinte, Bruna estava frente a frente com essa profissional.
De pronto iniciaram uma conversa despretensiosa, que desaguou em um papo solto, mas cheio de informações sobre Bruna em sua essência. A profissional propôs algumas atividades e Bruna adorou. Saiu de lá outra menina, cheia de alegria, com desafios por cumprir e com brilho em seus olhos.
A mãe de Bruna ligou feliz para contar que ela resolvera estudar, estava animada e muito ativa. E assim seguiram os próximos encontros. Dias, semanas, meses se passaram e Bruna nunca precisou tomar um comprimido que fosse para a suposta depressão.
O que ela tinha? A simples necessidade de que alguém a entendesse e lhe desse a oportunidade para ela mesma encontrar coisas que fizessem sentido para sua vida, que a requisitassem, coisas nas quais ela fosse útil, essencial!
Hoje em dia, a palavra depressão está em alta, e é realmente uma doença séria e silenciosa. Assim, deve ser investigada com atenção, cuidado e carinho. Mas também, deve-se prestar atenção sincera nas pessoas. Elas clamam por serem ouvidas, indagadas e desafiadas pois, ao final, o que mais o ser humano quer é se sentir útil e amado.