Por Juan Quirós, presidente da Investe São Paulo
Como fantasmas que rondam a economia, as crises econômicas são cíclicas. Países desenvolvidos e em desenvolvimento invariavelmente passam por elas, em maior ou menor grau. O que diferencia os primeiros dos últimos é a presença de estruturas econômicas sólidas, que permitem a busca de soluções mesmo em tempos difíceis.
O fortalecimento do mercado de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) – com investimento em infraestrutura, pesquisa e capital humano– é um caminho importante para tornar o país menos vulnerável ao clima de incerteza da economia mundial. Com grande peso na economia brasileira e paulista, o setor é um dos que mais atraem investimento estrangeiro e geram empregos e inovação para todo o tecido produtivo.
Essa é uma das razões que explica porque São Paulo continua atraindo investidores mesmo diante do cenário de retração econômica nacional. Com vistas a se destacarem da concorrência em momentos de crescimento e de crise, essas empresas desejam abrir indústrias, negócios e desenvolver parcerias no Estado. Trata-se de uma estratégia mais visionária, atenta às dificuldades do presente, mas consciente que os melhores frutos costumam ser colhidos no longo prazo.
Somente neste ano, a equipe da Investe São Paulo, a agência de promoção de investimentos ligada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, já anunciou a concretização de 20 projetos. São aportes no mercado de TIC e em diversos outros segmentos da economia que, juntos, geraram mais de R$ 6,9 bilhões em investimentos e mais de 7,5 mil empregos diretos até a primeira quinzena de agosto.
Fundamental para o desenvolvimento econômico do País, o setor de TIC movimentou R$ 441 bilhões e representou 8,8% do PIB nacional em 2013. A previsão é de que, até 2022, sua participação na economia brasileira seja de mais de 10%, aumentando sua relevância para o País.
Em São Paulo, TIC é um setor prioritário, sendo o Estado o principal centro dos investimentos dessa indústria no Brasil. A grandeza do mercado reflete-se na quantidade de pessoas que emprega. Entre os anos de 2003 e 2013, foram gerados 40.828 empregos na área de TIC no Estado. Esse foi o setor no qual o investimento estrangeiro mais gerou novos empregos no período.
A preferência do investidor estrangeiro por São Paulo é evidente em vários indicadores. Mais de 70% do capital estrangeiro investido em TIC no Brasil é aplicado no Estado. Além disso, 16 das 23 multinacionais do setor instaladas no País tem como sede principal São Paulo.
A economia diversificada, a concentração de sedes empresariais, a oferta de mão de obra qualificada e a força dos setores industriais, de serviços e agronegócio são alguns dos fatores que qualificam o Estado como o centro de TIC do Brasil.
É em São Paulo que estão os principais polos tecnológicos da América Latina, tais como Campinas, Jundiaí e São José dos Campos. São cidades que apresentam alta concentração de talentos e excelentes oportunidades de negócio com setores sinérgicos da economia.
Já Araraquara, Ribeirão Preto, São Carlos, Sorocaba e Taubaté têm despontado como novos centros tecnológicos. Nos últimos anos, apresentaram um rápido crescimento econômico do setor e implementaram medidas para fomentar novos negócios em seus territórios.
A capital paulista concentra os centros operacionais das maiores multinacionais de TIC. A região metropolitana da cidade compete diretamente com Nova Iorque, Londres e Bangalore, que são referências na captação de investimentos nessa área no mundo.
Esse rico ambiente de negócios, aliado à atuação das universidades estaduais, parques tecnológicos, incubadoras e demais instituições de fomento à educação e formação profissional, favorece o desenvolvimento de um amplo sistema onde proliferam empresas de tecnologia, consultorias e startups.
É um ecossistema complexo, que favorece a criação de novos modelos de negócios intensivos em conhecimento e o aumento da produtividade das empresas. Em última instância, fortalece o País frente às vicissitudes econômicas nacionais e internacionais.
Mais cedo ou mais tarde, o Brasil retomará sua escalada de crescimento. Os estados que priorizarem o setor de TIC terão mais condições de liderar o desenvolvimento econômico nacional. E São Paulo já está um passo a frente nesse aspecto.