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Representantes dos candidatos, da Casa Jota e da Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES) discutiram os desafios para um Projeto de Nação na Era Digital de curto, médio e longo prazos, destacando os desafios quanto à qualificação e geração de vagas no setor, a reforma tributária, a inclusão digital, a modernização e a transformação digital do país

A ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software – e o Jota receberam nesta manhã de quarta-feira (10/08), em São Paulo, representantes das candidaturas à Presidência da República: Antônio Neto, representante do candidato Ciro Gomes (PDT); Nelson Fujimoto, representante do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT); e Susana Kakuta, representante da candidata SIMONE TEBET (PMBD).

O objetivo do encontro foi debater as propostas para a construção de um Projeto de Nação. Na ocasião, a ABES apresentou suas Contribuições aos Programas Eleitorais e de Governo 2023-2027, destacando o seu propósito de ajudar a construir um Brasil Mais Digital e Menos Desigual, e a sua crença na tecnologia da informação como um agente fundamental para a democratização do conhecimento e a criação de novas oportunidades, visando melhorar a qualidade de vida para todas e todos, de forma inclusiva e igualitária. A íntegra do documento pode ser baixada aqui.

Na visão da ABES, para que o Brasil consiga destravar a sua transformação digital, é necessário promover o debate e reflexões acerca de uma agenda político regulatória nos próximos 4 anos, que deverá ser pautada pela convergência de seus 4 eixos temáticos: Economia; Estado e Cidadania; Dados, Novas Tecnologias e Convergência Digital; e Integração Internacional. “Precisamos pensar o Brasil com planos ambiciosos para nos tornarmos uma economia digital, competitiva, moderna, segura e confiável. Um futuro próspero para o país requer a adoção de políticas ágeis e consistentes, aplicáveis a uma realidade onde a tecnologia e os dados são cada vez mais onipresentes. Por isso, ao ouvir os representantes dos candidatos e suas propostas, não só incentivamos o debate, como também ajudamos a nortear o que a nossa economia e população de fato precisam”, declara Paulo Milliet Roque, Presidente da ABES.

 

Paulo Milliet Roque, Presidente da ABES

Para o Prof. Claudio de Lucena, que em conjunto com as jornalistas Cristina de Luca e Silvia Bassi, ajudou na elaboração das contribuições da ABES, pensar os desafios para o país é um exercício importante, “que parte da percepção da ABES de que a bandeira do empreendedorismo e do desenvolvimento econômico é importante, mas que não faz muito sentido se estiver tremulando sozinha. A transformação digital, hoje, é premissa para o exercício pleno da cidadania, e uma pauta que em princípio é empresarial passa a ser estratégica para qualquer governo que deseje preencher seus objetivos com absoluta eficiência”, pontuou.

Para Fabio Rua, vice-presidente da ABES, essa é uma discussão que certamente será aprofundada. “Essas propostas precisam ser avaliadas à luz da tecnologia 5G, e que tragam ao nosso pais mais velocidade, mais agilidade e mais segurança sob os pontos de vista jurídico e tributário, para que tenhamos condições de prosseguir crescendo, sempre com diálogo, e atrair mais investimentos para o país”, declarou.

Para Andriei Gutierrez, Líder do Comitê Regulatório da ABES, é importante pensar na inclusão digital e no acesso universal e de qualidade à internet. “Trata-se de um elemento essencial à cidadania, e é preciso pensar em políticas públicas para este tema. Precisamos fortalecer a governança e resguardar a inovação e a segurança jurídica dos provedores. Precisamos fortalecera cobertura do 5G, que é importante para a indústria, e definir critérios mínimos para a qualidade das conexões. O governo digital tem avançado muito nas últimas décadas, e vemos que existe uma política de digitalização, que precisa se manter como um tema prioritário, para avançarmos na implantação de um governo digital, sempre com transparência e participação multissetorial. Precisamos aproveitar a transformação digital para engajar os cidadãos a terem uma participação mais ativa na defesa dos seus direitos políticos e combater a invisibilidade digital. Assim, teremos um projeto de nação que olhará a cidadania de todos”, afirmou.

De acordo com Loren Spindola, Líder do Grupo de Trabalho de Inteligência Artificial da ABES, a privacidade é um direito fundamental, sendo necessário garantir a segurança dos cidadãos e a segurança da transferência internacional de dados. “Precisamos de uma política cibernética para que as novas tecnologias sejam implementadas de forma segura, e ter um marco de IA que garanta a sua implementação com segurança jurídica. Precisamos facilitar o ambiente regulatório para estarmos cada vez mais presentes na cadeia global de valor”, explicou.

Andriei Gutierrez, Diretor-adjunto e Líder do Comitê Regulatório da ABESRepresentantes apontaram a educação como fator chave para o desenvolvimento do mercado de tecnologia. O debate foi Mediado por Fernando Mello, cofundador do JOTA, cientista político e diretor do JOTA Labs. Confira abaixo alguns destaques do evento e assinta o debate na íntegra no canal do YouTube da ABES.

 *   Antônio Neto, representante do candidato Ciro Gomes (PDT):

É necessária a revogação da emenda 95 (que estabeleceu o Novo Regime Fiscal no âmbito dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União) e fazer o enfrentamento da governança política do Brasil. Ou nós mudamos isso, ou vamos continuar com os mesmos problemas.

No tocante à mão de obra, é preciso resolver o problema da qualificação profissional e encarar o problema do apagão profissional. Precisamos reformular a educação, desde o início, com foco em matemática e português, e nos espelharmos no modelo aplicado atualmente no Ceará, para que o Brasil figure entre os 15 países mais avançados do mundo.

Temos hoje muitas pessoas graduadas em diversas áreas, e tornar essas pessoas em profissionais da área de tecnologia é uma solução para o apagão profissional, ao mesmo tempo em que proporcionamos oportunidades para quem está fora do mercado de trabalho. Temos mão de obra que precisa mudar de área profissional, e em parceria com a iniciativa privada, podemos avançar nesta questão, resolvendo o problema da falta de mão de obra.

O Estado terá que voltar a ser o grande indutor da inovação. Ou colocamos as condições efetivas para os investimentos, sejam estes públicos ou privados, para a criação de startups e atração de empresas estrangeiras, ou nada acontecerá. Teremos que nos organizar para que as agências regulatórias trabalhem de forma concreta, ou não teremos nada no futuro. A qualidade das nossas conexões hoje é péssima, e precisaremos exigir qualidade dos provedores para que a população tenha acesso a uma internet de qualidade, dentro de parâmetros mínimos.

 *   Nelson Fujimoto, representante do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT):

O nosso país passa por um momento gravíssimo, com 20 milhões de pessoas que retornaram ao ponto de miséria. Temos de imediato a grande tarefa de estabelecer diretrizes para superar este momento. Um dos nossos eixos é trabalhar a inclusão digital, em três aspectos fundamentais: levar infraestrutura para quem não tem, dar acesso a equipamentos que possibilitem o acesso, e promover o letramento digital – pois com o 5G, precisamos capacitar as pessoas para o uso pleno dessa nova tecnologia.

A questão da qualificação para a área de tecnologia é fundamental, quem não tem mão de obra fica para trás. Por isso, será necessário realizar uma formação em massa, gerando empregos e direcionando os profissionais para onde exista demanda. Temos essa expertise e estamos abertos a parcerias para colocar isso em prática. Precisamos investir em empresas de base tecnológica, nas que estão aqui, e atrair as de fora para investir aqui.

Do ponto de vista regulatório, é importante termos uma regulação para os dados produzidos aqui no Brasil. Precisamos dar mais segurança ao armazenamento e ao tratamento de dados aqui no Brasil, dando condições para termos data centers locais. Precisamos investir aqui no Brasil. Precisamos regular o tema dos algoritmos, investindo em formação de pessoas na área de inteligência artificial. Se queremos soberania digital, precisamos ter os dados aqui e pessoas capacitadas aqui. E para estimular a competitividade, precisamos ter uma política industrial.

 *   Susana Kakuta, representante da candidata SIMONE TEBET (PMBD):

Se por um lado temos, hoje, 20 milhões de pessoas em estado de pobreza, temos também uma quantidade importante de jovens desempregados, que precisam entrar no mercado de trabalho. Em paralelo, o setor das TICs, que é um setor de grande elasticidade na geração de empregos, demanda mão de obra especializada. Precisamos promover o conhecimento para poder inserir os jovens neste mercado, e reter os talentos no país. A educação é a chave para equacionar esta questão. É preciso pensar no futuro do trabalho, estreitando o gap entre o conhecimento que é requerido e o conhecimento que é oferecido pelas instituições de ensino. Atuar nessas grandes linhas significa abrir uma janela de oportunidades. O setor de tecnologia pode fazer a diferença na sociedade, com empregos de alto valor agregado.

Não se desenvolve um novo setor com políticas velhas, e esse é um dos grandes gargalos do Brasil. Existe um distanciamento entre a isonomia global dos países competidores com o que temos de políticas públicas por aqui. Quando falamos em novas políticas, precisamos colocar a educação plena no centro da estratégia, pois assim todos os programas que possam ir ao encontro da questão da empregabilidade poderão ser inseridos.

Precisamos colocar a educação com foco em inovação. Também precisamos caminhar de encontro à isonomia competitiva global, e compartilhar os investimentos públicos e privados em CTI. Para se fazer inovação, existem pautas prioritárias, como promover uma lógica de participação pública e privada na inovação, que é um grande fator na geração de empregos, sobretudo para os jovens que saem da universidade e têm dificuldade para encontrar emprego.

A prioridade regulatória de um novo governo é proporcionar isonomia ao Brasil, dando condições às empresas locais interagirem melhor com empresas globais, com segurança jurídica.

Antonio Neto, Nelson Fujimoto, Fernando Macedo e Suzana Kakuta (on-line)

Sobre a ABES

A ABES (Associação Brasileira das Empresas de Software) tem como propósito contribuir para a construção de um Brasil mais digital e menos desigual, no qual a tecnologia da informação desempenha um papel fundamental para a democratização do conhecimento e a criação de novas oportunidades para todos. Nesse sentido, tem como objetivo assegurar um ambiente de negócios propício à inovação, ético, dinâmico, sustentável e competitivo globalmente, sempre alinhado a sua missão de conectar, orientar, proteger e desenvolver o mercado brasileiro da tecnologia da informação.

Atualmente, a ABES representa aproximadamente 2 mil empresas, que totalizam cerca de 85% do faturamento do segmento de software e serviços no Brasil, distribuídas em 24 Estados brasileiros e no Distrito Federal, responsáveis pela geração de mais de 210 mil empregos diretos e um faturamento anual da ordem de R$ 80 bilhões em 2020.

Com o objetivo de estimular a participação dos associados nos projetos da entidade e nos rumos da indústria brasileira de software e serviços, a ABES criou, em 1995, os Grupos de Trabalho (GT) que, desde 2013, passaram a usar a denominação de Comitês. Eles funcionam como fóruns para discussão de assuntos específicos relacionados ao setor, apresentação de propostas e planos de ações.

Em sintonia ao seu propósito, a ABES lançou a “Mobilização para a redução da desigualdade”, em parceria com a ReUrbi e com Observatório do Terceiro Setor, com apoio da Weber Shandwick, para apoiar projetos de inclusão social que promovam a capacitação na área digital, por meio dos recursos obtidos pela reciclagem de equipamentos de TI descartados pelas empresas. Esta iniciativa vai ao encontro com as recentes discussões da cúpula do clima, e alinhada aos 8 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), e as melhores práticas de ESG (Environment, Social, Governance).

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