A aprovação da reforma tributária está em andamento. Mas, agora, estamos diante do verdadeiro desafio: como transformar a letra fria da lei em sistemas, APIs, campos de banco de dados e notas fiscais?
Durante sua participação no ERP Summit 2025, Carlos Reolon, membro do Grupo de Trabalho da Reforma Tributária da ABES, destacou com precisão os entraves enfrentados hoje pelas empresas, especialmente no desenvolvimento de soluções tecnológicas que darão suporte à nova legislação. Ele participou do painel “Reforma Tributária no Brasil: desafios e oportunidades”, realizado no dia 25 de março, junto com Nicholas Meira, Presidente da Comunidade Power Tax Brasil e membro do Sebrae PR; Diogo do Valle, Head of Tax Cluster e Diretor Tributário da Philips Morris Brasil; e Lucas Ribeiro, ex-presidente da Assespro-PR; com moderação de Rafael Romer, Editor no IT Forum.
O PLP 108, que institui o Comitê Gestor, ainda está parado no Senado — e essa indefinição trava o avanço técnico. Apesar dos esforços – como o desenvolvimento de layouts, integração de notas estaduais e municipais e a atuação de um “pré-comitê gestor” – sem as diretrizes oficiais, o progresso esbarra em uma parede jurídica e operacional.
A Lei Complementar 214 já nos dá clareza sobre o funcionamento do CBS e do IBS. Sabemos que a nota fiscal será peça central, e que novas obrigações acessórias virão. Mas enquanto o Comitê não for oficialmente instituído, seguimos em uma zona cinzenta.
Carlos Reolon também alertou: “quem vai colocar essa reforma de pé são as pessoas que operam os sistemas, em meio a todas as outras demandas do dia a dia. Por isso, além da transformação digital, estamos diante de uma transformação cultural”.
Na avaliação de Carlos, capacitação, clareza e comunicação serão tão importantes quanto tecnologia e legislação, a fim de fazer essa engrenagem girar até janeiro de 2026.