*Por Tato Athanase
A área de gestão de pessoas deve assumir um papel estratégico e socialmente responsável para combater as fake news durante a crise.
No atual cenário de enfrentamento de crise, somos bombardeados por informações. Durante a execução de nossas funções, a volatilidade do momento desvia a atenção para uma notícia urgente, uma orientação das autoridades, um aviso sobre a pandemia repassado por um ente querido.
Infelizmente, esta avalanche também inclui uma grande parcela de conteúdo falso e, em muitos casos, perigoso. Considerando estas circunstâncias, e lembrando que a maioria de nós passa a maior parte do dia trabalhando – e, ao mesmo tempo, consumindo conteúdo -, qual é o papel do departamento de recursos humanos (RH) nessa batalha contra a desinformação?
Posicionado de forma estratégica, o RH torna-se o coração da empresa em uma situação de crise – e uma das formas em que isso pode se manifestar é através da atuação como um curador de conteúdo de qualidade.
À primeira vista, essa função pode não parecer diretamente relevante para a área de pessoas, mas a atuação como um disseminador de informações confiáveis durante a pandemia é algo crucial para o RH. Trata-se de uma atividade diretamente ligada à responsabilidade social corporativa e é parte fundamental de uma gestão estratégica e centrada em pessoas.
É possível posicionar o departamento como um propagador de comportamentos positivos. A área de pessoas pode munir funcionários de informações relevantes sobre temas como prevenção à Covid-19, e assim diminuir a necessidade dessas pessoas irem buscar informações em outras fontes, nem sempre confiáveis.
Ao reduzir a nocividade das fake news na força de trabalho por meio de conteúdo útil e verificado, o RH também aumenta a confiança das pessoas. Além disso, é importante lembrar que não são só os colaboradores que leem e ouvem o conteúdo que seus empregadores divulgam: as pessoas replicam estas informações. Pense no efeito positivo que isso pode ter para os colaboradores de uma fábrica, grande varejista ou banco, e a vida de suas famílias e amigos: o impacto na sociedade é gigantesco.
Para cumprir esta tarefa, o RH precisa conhecer o seu público e existem diversas ferramentas que gestores podem utilizar. Uma delas é a pesquisa de clima, que traz informações importantes como o nível de confiança das pessoas e uma visão mais holística do perfil da força de trabalho, bem como dados históricos da base. Tendo esses dados como base, é possível entregar informações relevantes e de qualidade, em linguagens, horários e canais que funcionem para cada perfil.
O papel do RH como provedor de informações em que as pessoas podem confiar é particularmente relevante para os trabalhadores que estão na base da pirâmide, e considerando as diferentes realidades sociais, educacionais e demográficas de quadros extremamente diversos. É importante considerar, além disso, que o acesso à informação de certas populações de uma empresa pode se dar predominantemente através de redes sociais, o que torna a missão do RH ainda mais crítica nas atuais circunstâncias.
Ao se tornar uma fonte confiável de conteúdo em um cenário de crise, a área de pessoas apoia organizações na condução de uma gestão mais eficaz e responsável, juntamente com as áreas de negócio. A luta contra a desinformação posiciona o RH como uma grande influência positiva na gestão do capital humano da empresa, bem como um gerador de valor para o negócio e, principalmente, para a sociedade.
* Tato Athanase, gerente-sênior de recursos humanos do SAS Brasil
Aviso: A opinião apresentada neste artigo é de responsabilidade de seu autor e não da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software