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*Por Otto Pohlmann

Sim, é certo exagero querer insinuar que a pandemia de covid-19 iniciou uma nova fase no calendário global. Contudo, não dá para ignorar que as transformações decorrentes do novo coronavírus impactaram o mundo inteiro de forma significativa nos últimos 12 meses. A marca de um ano da pandemia representa o momento ideal para identificar as mudanças sofridas nesse período e, principalmente para as empresas, qual será o papel a ser desempenhado pelas soluções de TI daqui para frente. Afinal, independentemente do porte e do setor de atuação, a tecnologia não deve ser mais encarada como suporte no dia a dia. Pelo contrário, é o elemento principal em qualquer estratégia corporativa.

Basta olhar o exemplo das indústrias brasileiras. Aquelas que já tinham investido em soluções tecnológicas de ponta conseguiram superar rapidamente as adversidades do novo coronavírus e reverteram em lucratividade. Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), encomendada ao Instituto FSB Pesquisa, mostra que 54% das corporações com até três tecnologias integradas em seus processos já têm lucro similar ao período pré-pandemia. O número cai para 47% entre aquelas que não investiram de forma adequada a essa nova realidade.

Dessa forma, se (ainda) é exagero pensar em nova fase na história global, o fato é que vivemos em uma nova fase no processo de evolução tecnológica. Nunca se discutiu tanto a importância das soluções de TI quanto nas últimas três décadas. Basta comparar as tendências de 1990 com as de 2020 para perceber toda a evolução que presenciamos. Se há 30 anos a telefonia móvel ainda era desafio e a internet, algo limitada ao universo acadêmico e de segurança, hoje discutem-se os limites do machine learning e da inteligência artificial. A questão é que, até o início da pandemia, todos esses recursos eram vistos como secundários dentro da estratégia organizacional de uma empresa. Isso não significa que não eram importantes; apenas que eram tratados como suporte para tomada de decisões.

Um canal digital de vendas, por exemplo, complementava o modelo tradicional. Ferramentas digitais de gestão de processos, por sua vez, também dependiam da forma como os gestores e profissionais as utilizavam. Em suma: não havia política clara de valorização das soluções digitais – até março de 2020. De repente, a estrutura corporativa precisou migrar para o ambiente digital por meio de diferentes softwares e sistemas. Com as restrições impostas pelas medidas de distanciamento social, não havia mais loja para vender, apenas o e-commerce. O atendimento presencial precisou dar lugar ao WhatsApp. Até o trabalho se digitalizou, e o home office tornou-se realidade no Brasil.

Essa mudança só foi possível com a inclusão da tecnologia no planejamento central das empresas – não à toa, aquelas que estavam mais maduras foram as que conseguiram os melhores resultados nestes 12 meses de pandemia no país. Trata-se de um caminho sem volta. É claro que os relacionamentos presenciais serão valorizados em um primeiro momento, mas é difícil imaginar que temas como trabalho remoto, automação de processos e digitalização de vendas fiquem em segundo plano diante de todos os benefícios que proporcionaram às empresas e aos consumidores nesse período. As corporações bem-sucedidas serão aquelas que considerarão a tecnologia como parte intrínseca ao negócio, não mais como algo separado da estratégia de atuação.

Portanto, o investimento em TI deixou de ser algo superficial e passa a ser prioritário para qualquer empresa brasileira. No início da pandemia até podíamos falar de adaptações ao “novo normal”. Contudo, já passamos por um ano de pandemia e não há sinais de que a doença está controlada, sobretudo no Brasil. As mudanças que precisavam ser feitas já aconteceram. Não há mais espaço para testes quando o assunto é tecnologia. Chegou a hora de as organizações buscarem alternativas para retomarem o crescimento, com ou sem coronavírus – e esse caminho passa pelo protagonismo cada vez mais forte das soluções tecnológicas que trazem eficiência e rentabilidade.

*Otto Pohlmann é CEO da Centric

Aviso: A opinião apresentada neste artigo é de responsabilidade de seu autor e não da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software

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