*Por Luciano Saboia e Audry Rojas
O Brasil entra em setembro na era do 5G. Mas o que isso significa para as empresas? O que vai mudar com a chegada da nova tecnologia de conectividade móvel?
A resposta é simples: vai mudar tudo.
De acordo com estudo realizado pela IDC – International Data Corporation, as conexões 5G em todo o mundo, tanto para assinantes móveis quanto para conexões IoT (Internet of Things), crescerão de 706,7 milhões em 2021 para 4,5 bilhões em 2025, com uma taxa média anual de 93,3% nos próximos cinco anos. Ainda, a pesquisa IDC’s October 2021 Future Enterprise Resiliency and Spending Survey revelou que embora os serviços 5G e de edge computing tenham sido desenvolvidos para dar suporte a aplicativos e casos de uso em todos os segmentos de clientes, o maior impacto da utilização do 5G acontecerá no segmento corporativo, no que hoje conhecemos como Indústria 4.0, e terá potencial para uma nova revolução industrial.
Ainda, a mesma pesquisa global da IDC revelou que “melhorar a satisfação do cliente” surgiu como prioridade para as empresas, seguida por produtividade, inovação e eficiência operacional dos funcionários. Desta forma, aproveitar as características do 5G de alta velocidade e baixa latência é um dos motivadores para as empresas investirem em novas tecnologias digitais em sua cadeia de valor e, assim, entregarem uma performance superior na experiência do cliente, além de gerar novos fluxos de receita ao longo do caminho. De fato, o 5G atuará como verdadeiro enabler da inovação para o segmento B2B, visto que foi projetado para dar às operadoras a flexibilidade de suportar essa ampla gama de aplicações e atender necessidades específicas de cada cliente ou segmento de negócio.
Dentro da agilidade dos negócios, 5G e MEC (multi-access edge computing) deverão ser os protagonistas no que tange o tema “ultrabaixa latência” e permitirão o network slicing, ou seja, a customização das ofertas direcionadas e adequadas para o B2B. A eficiência operacional e a agilidade dos negócios são atribuídas pelos serviços de conectividade e, portanto, empresas têm aumentado seus orçamentos pós-COVID-19. Por esses motivos, é esperado que 37% das empresas aumentem seus investimentos orçados em serviços de conectividade 4G e 5G ainda em 2022.
Apesar de serem profundamente disruptivos para a sociedade, a implantação dos casos de uso habilitados pelo 5G virá de forma gradual. E, embora a adoção de algumas soluções integradas possa acontecer mais facilmente — como ampliação de dados de vídeo com uma camada de inteligência artificial para identificar e alertas riscos aos sistemas de segurança — os casos de uso mais complexos, como comunicações V2V (vehicle to vehicle) que suportam veículos autônomos, levarão muito mais anos de desenvolvimento.
5G no Brasil: capacidade de gerar US$ 23 bi até 2024
No Brasil, estudo realizado pela IDC no final de 2021, estima que os gastos acumulados com infraestrutura de rede 5G seja na ordem de US$ 2,5 bi até 2024. Somando os valores de investimentos para viabilização dos casos de uso, o esperado é que o 5G proporcionará no segmento B2B aproximadamente US$ 23 bi até 2024, com grande destaque para IoT (quase 50% desse montante).
Os casos de uso de IoT são extremamente diversos e têm prioridades diferentes para cada vertical de indústria. Alguns exigem apenas uma simples coleta de dados de alguns dispositivos básicos em um sistema relativamente fechado, enquanto outros usam análises avançadas, um grande número de dispositivos, enormes quantidades de dados, máquinas autônomas e integração com os sistemas completos de TI e operações de uma organização.
Como vemos, alcançar o potencial transformador do 5G não é simplesmente plug-and-play. Isso tudo, sem contar o tempo e gastos necessários, para conectar um país de dimensões continentais. Operadoras móveis e outros players do ecossistema precisarão desenvolver novos aplicativos e software e investir em hardware de ponta para alavancar a capacidade de resposta em tempo real e de inteligência autônoma, atributos fundamentais no novo paradigma advindo com a conectividade de quinta geração.
O 5G vai mudar tudo. Porém, ainda leva um tempo para sentirmos essa mudança em nosso dia a dia.
*Luciano Saboia é gerente de Pesquisa e Consultoria de Telecomunicações da IDC Brasil
*Audry Rojas é analista sênior de Telecomunicações da IDC Brasil
Aviso: A opinião apresentada neste artigo é de responsabilidade de seu autor e não da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software