*Por Eduardo Maruxo
Você provavelmente já deve ter se deparado com a afirmação de que “quem tem muita opção, não tem nenhuma”, não é mesmo?
Ela está relacionada a um conceito que foi amplamente difundido pelo psicólogo Barry Schwartz, no livro “The Paradox of Choice: Why More Is Less”. Aliás, super recomendo o vídeo dele no Ted Talks sobre o assunto, é muito bom!
Resumindo o conceito, imagine você indo a um restaurante pela primeira vez e, ao se deparar com diversas opções do menu, acaba ficando perdido ou perdida, sem saber o que pedir. Ou então, me diga se você nunca ficou com a mesma sensação ao abrir um desses aplicativos de streaming para escolher o que assistir. Um verdadeiro terror (e não estou falando do gênero do filme)!
Estudos apontam que as pessoas tomam, em média, 35.000 decisões por dia – algumas mais simples, outras mais complexas.
São tantas opções, escolhas e decisões, que ficamos completamente paralisados diante disso tudo.
Contudo, esses dias eu fiquei pensando: e quando temos poucas opções, como fica essa “regra”? Isso é bom ou ruim no final das contas?
Pois é, tá aí um belo dilema. Ou seria um paradoxo…?
É cada vez mais comum nos deparamos com interfaces que utilizam IA (quando não são elas próprias a interface), em que, no extremo oposto, oferecem pouquíssimas opções para o usuário.
Por exemplo, coloque alguém que nunca teve contato com o Chat GPT para utilizá-lo e veja o que acontece.
Ao mesmo tempo em que sua interface é simples e sem muitas opções, permitindo um universo praticamente infinito de uso, isso pode inibir os menos familiarizados.
Cheguei à conclusão de que a ausência ou baixa quantidade de opções podem ser um problema tão ruim quanto o excesso!
E não é só um “achismo” meu. Recentemente li um artigo da Nielsen Norman Group, a maior empresa do mundo em matéria de pesquisa sobre usabilidade e experiência do usuário, que fala justamente sobre isso.
O artigo mostra como o escopo dos nossos projetos impactam a experiência, sejam eles escopos muito amplos ou muito restritos, especialmente quando envolve IA.
Em resumo:
- Quanto mais amplo o escopo, maior é a flexibilidade – mas também maiores as chances de gerar confusão.
- Quanto mais restrito o escopo, melhor é a usabilidade – mas menor a versatilidade.
Conclusão? Não existe um “caminho certo”, mas um equilíbrio estratégico.
Esse desafio não é só para quem desenvolve IA. Se sua empresa oferece qualquer tipo de solução digital, a forma como você estrutura as opções pode definir o sucesso ou o fracasso da adoção pelo usuário.
Então, deixo 2 dicas para você avaliar suas iniciativas atuais ou futuras:
- Se o objetivo é adoção rápida de sua solução, restrinja o escopo e guie o usuário.
- Se a prioridade é liberdade criativa, amplie o escopo – mas eduque o usuário sobre o que ele pode ou não fazer.
Seja qual for seu momento, em ambos os casos, a adoção e o crescimento do seu negócio dependem completamente deste equilíbrio.
*Eduardo Maruxo é designer, com MBA em Branding, e é pós-graduando em Tecnologia para Negócios, com ênfase em AI, Data Science e Big Data pela PUC-RS. No final da década de 90, criou uma das primeiras agências digitais do país e, atualmente, é um dos fundadores da Grilo, uma HR Tech focada em empresas e pessoas tech.
Aviso: A opinião apresentada neste artigo é de responsabilidade de seu autor e não da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software