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*Por Angela Gheller

Sabemos que o agronegócio é um dos pilares da economia brasileira. No primeiro semestre de 2021, o PIB do setor teve um crescimento de 9,81% em relação ao mesmo período de 2020, um montante equivalente a R﹩ 223 bilhões – segundo apontam os cálculos realizados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). Quando analisamos no detalhe, observamos ainda que a agricultura despontou em relação a pecuária, principalmente devido ao alto custo dos insumos requisitados por esse ramo.

Em um cenário de desafios, altos custos e instabilidades climáticas que exercem impactos relevantes para o setor, a tecnologia mais uma vez tem desempenhado papel importante – e até fundamental – para incrementar a produção. Por isso, abaixo destaco quatro temas que devem estar no radar do setor do agronegócio em 2022:

Agricultura de precisão

No mercado já há uma série de soluções robustas, que atendem desde o planejamento da distribuição dos insumos até a preparação da propriedade para recebê-los, o que é conhecido como agricultura de precisão.

Essa metodologia de produção não é novidade, ela se fundamenta no uso de tecnologias que visam facilitar e modernizar as propriedades rurais e possui uma gestão baseada na coleta de dados, reunindo e processando uma série de informações e características da área produtiva. Num segundo momento, há ainda o planejamento do gerenciamento, em que são fornecidas estratégias e diretrizes para melhorar a gestão dos insumos, com base em padrões e requisitos estabelecidos pelo próprio produtor – aqui podem ser aplicados diferentes sistemas e soluções, incluindo Inteligência Artificial para a análise dos dados. E, por fim, a agricultura de precisão ainda pode prever a aplicação dos insumos de forma automática e com maior rigor técnico. Tudo isso pode ser um verdadeiro impulsionador da Agricultura 4.0 no Brasil.

Tecnologia 5G

A chegada da quinta geração de rede móvel certamente causará uma das maiores transformações no campo, permitindo uma maior transmissão de dados, de forma rápida e com maior alcance. Ainda devido ao custo operacional ser mais baixo que o da tecnologia 4G, o 5G possibilita a implementação de torres de transmissão em áreas mais afastadas, proporcionando maior conectividade às propriedades rurais. Para termos a dimensão do impacto que essa tecnologia trará para o agronegócio, o Atlas do Espaço Rural Brasileiro, publicado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), aponta que dos 5,07 milhões de propriedades rurais, 3,64 milhões ainda operam off-line.

Ainda que a implementação do 5G ainda esteja em processo de acontecer, tendo em vista os leilões de espaço e outras condições necessárias, estudos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) estimam que com a ampliação de 25% da conexão no campo, haverá um aumento de 6,3% no valor bruto da produção (VBP). Isso será possível porque o 5G melhora e impulsiona a adoção de dispositivos de IoT (Internet das Coisas), viabilizando a utilização de sensores e equipamentos para monitorar as safras e os animais; assim como ampliar o uso de drones, conectados à sistemas e softwares de processamento; e outras tecnologias complementares.

Marketplace no agro

Outra tendência que deve marcar o próximo ano é o uso do marketplace no agronegócio. Essas plataformas de venda digital se consolidaram bastante nos últimos meses, principalmente durante a pandemia, facilitando a comercialização de diversos produtos online, de forma rápida e dinâmica. Para o agronegócio, não é diferente.

Os marketplaces agrícolas conectam produtores rurais a distribuidores e compradores de produtos específicos, potencializando as vendas e o escoamento da produção rural. Esse tipo de venda digital também permite o crescimento de alcance dos pequenos produtores rurais, viabilizando a inserção deles em um grande cenário de maior exposição, maiores negociações e com baixo custo de operacionalização.

Agenda ESG

Pauta importante em diversos setores da economia, a agenda ESG ganha destaque no agronegócio. Dentre os vieses da sustentabilidade, a preocupação com os gases do efeito estufa ganha um novo patamar com o crédito de carbono. Os créditos de carbono têm servido como moeda para os negócios, potencializando um mercado multimilionário àqueles players que ainda não conseguiram diminuir seu impacto na emissão de gases.

O mercado de crédito de carbono ainda precisa ter regras mais claras, mas isso deve ser resolvido em breve, pois já há países o abordando como uma “nova commodity” global. Segundo um levantamento da Bayer, a área ocupada pela agropecuária no Brasil é responsável por 500 milhões de toneladas de carbono equivalente (tCO2eq) que, convertidos em dinheiro, correspondem a US﹩5 bilhões. Nesse cenário, pesquisas e aplicação de tecnologias servem de base para a substituição e o aprimoramento de técnicas de cultivo e agropecuária, a fim de reduzir o uso de combustíveis e biomassas não-renováveis por biomassas renováveis.

As previsões e projeções para o agronegócio no próximo ano são várias, mas o fato é que ele deve se manter como uma grande força motriz da economia nacional. Tendo isso em mente, vale ficar ligado em estudos, tendências e inovações que estão sendo inclusive incentivados por iniciativas públicas e privadas, assim como os investimentos feitos em tecnologias e soluções. Os recursos e a tecnologia estão aí para apoiar o avanço do Brasil na jornada da Agricultura 4.0.

*Angela Gheller, diretora de Agroindústria da TOTVS

Aviso: A opinião apresentada neste artigo é de responsabilidade de seu autor e não da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software

 

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