*Jorge Sukarie
O mercado de software e serviços no Brasil superou as expectativas dos profissionais do setor em 2012, ao atingir a cifra de US$ 27,1 bilhões. Trata-se de um salto de 26,7% em relação ao desempenho registrado no ano anterior. Os dados são do recente estudo realizado pelo IDC (International Data Corporation) em parceria com a Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES).
O mercado nacional de TI, que engloba software, serviços e hardware, registrou um crescimento de 41,6% e se posicionou na 7ª posição no ranking internacional, à frente de países como Canadá, Austrália e Índia. Hoje, o setor brasileiro já corresponde a 49,1% do que movimenta toda a América Latina, com US$ 60,2 bilhões. Além disso, as previsões do setor para este ano são bastante animadoras. Influenciado pelos investimentos nas áreas de eventos esportivos dos próximos anos e com a exploração do pré-sal, o Brasil será o país que terá o maior crescimento em investimentos TI até o final de 2013.
Mas para manter essa evolução, o setor necessita de apoio ativo do governo, O que incluiria a disponibilidade de um número maior de recursos para Inovação e Fomento, modernização nas relações de trabalho, ampliação da formação de profissionais e uma solução para as questões tributárias. Além disso, seria importante que o governo tratasse o setor de TI como um segmento estratégico em todas as esferas e assumisse a posição de maior comprador de tecnologia nacional e não o maior concorrente do setor.
O ABES Sofware Conference, que aconteceu em 21 de agosto, em São Paulo, mostrou o que já está sendo feito para que esse crescimento seja de fato efetivo, por meio dos profissionais e dos casos apresentados. O representante da Secretaria de Políticas de Informática do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), José Henrique Dieguez, destacou o papel do ministério para gerir e incentivar a inovação no Brasil e citou o programa Startup Brasil, que integra o Plano TI Maior. O governo será uma fonte importante para acelerar essas incubadoras e, sem dúvidas, as empresas de software serão as principais beneficiadas.
O case da Pixeon Medical System, empresa especializada no desenvolvimento de PACS (Picture Archiving and Communication Systems), foi um exemplo claro de como o micro e pequeno empresário pode se beneficiar com o investidor certo. Para ser um dos principais fornecedores do mercado, o primeiro passo dado pela Pixeon foi captar recursos para inovação com a linha de crédito e fomento do Finep /CNPQ. Com um importante e inovador produto em mãos, a empresa optou pelos fundos de investimentos da Intel Capital, para conseguir ganhar mercado.
Outra medida recém-anunciada pelo governo também contribuirá para o crescimento da indústria nacional de software e serviços. A nova portaria divulgada pelo Ministério das Comunicações determina que a isenção dos smartphones fabricados no país seja aplicada apenas para os aparelhos que possuírem um pacote de, no mínimo, cinco aplicativos nacionais. Vale ressaltar que este segmento foi responsável por 42,2% dos investimentos em software no Brasil, em 2012. As vendas de smartphones no país subiram 110% no segundo trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado, para 8,3 milhões de unidades, segundo levantamento da IDC Brasil.
O desenvolvimento de aplicativos móveis pode ser uma grande oportunidade para alavancar o setor de software nacional nos próximos anos. Outras oportunidades se apresentam com o crescimento dos negócios em “computação na nuvem”, “Big Data” e Mídia Social. Porém será fundamental que o governo crie um ambiente de negócios favorável, eliminando os principais entraves para manter a evolução do setor e a torná-lo mais competitivo.
*Jorge Sukarie é presidente da Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES)
Fonte: PC & Cia, set. e out./2013