Escolha uma Página
Compartilhe

*Por Frederico Heitmann

Ao longo dos últimos 40 anos, testemunhamos o surgimento e a rápida evolução do departamento de Tecnologia da Informação (TI), impulsionado principalmente pela ascensão da internet. Agora, estamos presenciando um movimento semelhante com a Inteligência Artificial (IA). Empresas que ainda não possuem um departamento dedicado à IA, interno ou terceirizado, estão ficando para trás nesse cenário em constante mudança.

É importante destacar que a IA não é uma buzzword recente. Desde o surgimento da computação, o conceito de IA tem sido discutido, desde os primeiros projetos. A IA é uma realidade há bastante tempo.

Para discutir a Inteligência Artificial generativa, precisamos entender o conceito de buzzword (buzz – barulho, word – palavra), que é usado para descrever uma nova tecnologia que surge, como já vimos com blockchain, metaverso e redes sociais, entre outros. Em 2023, fomos impactados por uma nova buzzword, a IA Generativa. No entanto, será que realmente estamos diante de mais um modismo?

No mercado atual, já existem diversas aplicações de IA, inclusive as generativas. O IBM Watson, por exemplo, já era experimentado antes mesmo do surgimento do GPT. Embora não seja generativo em si, possui um aspecto importante, que é o contexto. Com o sucesso do GPT, a OpenAI abriu portas para uma ampla pesquisa em faculdades e empresas, permitindo uma rápida adoção dessa tecnologia.

Grandes players do mercado estão desenvolvendo suas próprias soluções de IA. Estamos em um ponto de inflexão e maturidade em relação à IA, em várias formas, incluindo o GPT. Contudo, o progresso tecnológico superou a maturidade dos negócios, que foram impactados apenas recentemente. As pessoas estão se interessando, experimentando e fazendo provas de conceito. O mercado está ganhando conhecimento sobre a aplicação da IA e desenvolvendo esse conhecimento para aplicá-lo efetivamente.

No entanto, acredito que ainda falta um processo educacional para evitar que essa nova tecnologia seja absorvida apenas como uma moda passageira. Reunir especialistas e profissionais técnicos é a abordagem mais assertiva para separar o joio do trigo nos negócios. Por isso, é crucial contar com um departamento dedicado à IA, seja interno ou terceirizado. A IA generativa não pode ser simplesmente ativada em uma plataforma de mensagens instantâneas e usada imediatamente. O tempo de resposta não é adequado, pois leva tempo para gerar uma resposta relevante.

É fato que os modelos de IA ainda não estão totalmente desenvolvidos. Por exemplo, a criação de uma página de e-commerce requer uma resposta em milissegundos, enquanto a IA Generativa pode levar alguns segundos para gerar um conteúdo. Portanto, é necessário um processo de adaptação para identificar o que é realmente importante em termos de usabilidade, requisitos e aplicação real para o negócio.

Quando falamos de IA Generativa Textual, é preciso entender que os textos contêm menos informações do que as imagens, o que implica em um volume maior de informações para obter resultados relevantes. Há muito a ser discutido e compreendido nesse sentido.

Já existem no mercado diversas alternativas ao GPT, que permitem conversar com diferentes personalidades, como personagens de filmes, celebridades e políticos. Além disso, existem soluções capazes de criar conteúdo digital, como anúncios para redes sociais, roteiros para vídeos e e-mail marketing. Esses produtos têm o potencial de revolucionar a forma como os produtos são oferecidos nas plataformas de e-commerce e como a interação com o consumidor ocorre. No entanto, é crucial compreender profundamente o valor real dessas aplicações para o negócio.

Ainda não está claro para o mercado qual é o nível de maturidade de cada possibilidade de Inteligência Artificial aplicada a essas ferramentas. A IA que lida com imagens, por exemplo, está mais avançada e pode ser facilmente treinada para fazer realidade aumentada em projetos de arquitetura e decoração, medindo espaços e identificando características. Contudo, em outras aplicações, ainda há um longo caminho a percorrer.

Antes de tudo, precisamos entender como treinar o GPT para assimilar informações específicas sobre uma empresa e seus produtos, garantindo que ele não seja criativo ou autônomo em suas respostas. A linguagem contextual precisa ser humana e não criativa em relação às expectativas do negócio. Se eliminarmos a criatividade da IA, ela deixará de ser humana; por outro lado, se aumentarmos a criatividade, ela poderá fornecer informações incorretas sobre a empresa. O grande desafio atual é treinar essa IA para que ela incorpore a personalidade da marca.

No que diz respeito ao omnichannel, a IA pode ser uma aliada na resolução desse desafio, conforme o comércio eletrônico evolui. Já temos IA capazes de construir vitrines, melhorar resultados de busca e criar anúncios. Todavia, ainda enfrentamos um problema significativo: a integração de todas as inteligências artificiais envolvidas no processo de e-commerce em um único contexto.

Há muito tempo buscamos a verdadeira omnicanalidade, e a IA Generativa pode nos ajudar a alcançá-la. Quando um consumidor adquire um produto, ele cria uma relação com a marca, e a IA precisa entender e responder a toda a jornada de compra, garantindo uma experiência completa. Atualmente, os assistentes de IA estão treinados para lidar apenas com perguntas superficiais, ainda não alcançaram esse nível de sofisticação. Minha visão para um futuro próximo é que a IA se torne a ferramenta central de contextualização, integrando marca, produto e cliente em todos os canais.

O GPT tem o potencial de atuar como um elo que auxilia na construção de todo esse cenário. Até agora, as peças estavam desconectadas. Pode-se ter uma IA para construir vitrines, mas ela não se conecta automaticamente com a Inteligência Artificial responsável pela publicidade, por exemplo, ou pelas preferências dos clientes.

A mensagem para as empresas de e-commerce que estão de olho na IA Generativa é clara: é urgente implantar um departamento dedicado à Inteligência Artificial para adquirir conhecimento. Investir em ciência, pesquisa e desenvolvimento é fundamental. Se você não está estudando o tema, está terrivelmente atrasado. A competição nessa área está acelerada, e é preciso acompanhar o ritmo, o investimento em conhecimento é essencial para o sucesso nessa nova era da tecnologia. Virou uma corrida, acredite!

*Frederico Heitmann é Diretor de Inovação da Quality Digital

Aviso: A opinião apresentada neste artigo é de responsabilidade de seu autor e não da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software

acesso rápido

pt_BRPT