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*Por Otto Pohlmann

Falar que a pandemia de covid-19 trouxe lições importantes para o universo da tecnologia e dos negócios é praticamente um clichê. Em dois anos com o novo coronavírus presente em nossa realidade, é natural que executivos e profissionais tirem aprendizados e novos conhecimentos da aceleração provocada pela doença. A questão é saber o que fazer com esses ensinamentos. O segredo de sucesso para qualquer empresa é justamente a capacidade de extrair o melhor de cada situação. Nem que para isso seja necessário expandir a atuação para outros setores e até mesmo regiões que podem agregar muito mais ao negócio nesses novos tempos.

Graças ao home office, muitas empresas descobriram as vantagens de descentralizar a operação, possibilitando montar bases em lugares que, tradicionalmente, não faziam parte de suas estratégias operacionais. Afinal, por muito tempo as organizações se concentravam em grandes centros urbanos. Mas agora as relações de trabalho mudaram — e isso trouxe duas vantagens significativas. A primeira, claro, é a redução dos custos operacionais. O trabalho remoto manteve a produtividade em alta ao mesmo tempo que as despesas das empresas e de qualidade de vida dos colaboradores caíram significativamente. Assim, não há por que concentrar tudo em um único lugar.

O segundo ponto, evidentemente, é o recrutamento de novos talentos. Se antes era o profissional que precisava se deslocar à sede das empresas, agora há o caminho inverso: as corporações estão indo para essas regiões. Isso promove diversificação no perfil dos colaboradores, com diferentes pontos de vista em um mesmo projeto ou departamento. A lógica é simples. A partir do estabelecimento em centros rurais e periféricos, é muito mais vantajoso contar com pessoas que tenham conhecimento local para administrar e cuidar dos processos nesses locais. Elas já conhecem as particularidades e necessidades daquela região.

Evidentemente, o sucesso dessa expansão para além dos grandes centros não depende apenas da capacidade tecnológica para conectar diferentes lugares se importar a qualidade de conexão. É preciso garantir que os profissionais estejam alinhados com os valores e com a missão da organização. É necessário investir em cursos, treinamentos e capacitação para que eles possam ser absorvidos pela rotina da empresa e, a partir daí, inserir o local na estratégia nacional ou até global da companhia.

Aos poucos, os primeiros exemplos bem-sucedidos dessa movimentação começam a aparecer em todo o mundo. A Zoho, referência em soluções de tecnologia, promove essa migração reversa de talentos com a criação de escritórios rurais e periféricos nos últimos anos. São pequenas instalações para pequenos grupos. O primeiro centro desse tipo surgiu em 2011 e, em dez anos, tornou-se uma estratégia consolidada na empresa. Do primeiro centro surgiu um software de suporte ao cliente que é responsável pelo emprego direto de mais de 500 profissionais.

Foi-se o tempo em que qualquer corporação poderia se fechar em sua sede e ficar alheia ao que acontece em seu entorno. Independentemente do porte e do segmento, as empresas precisam se envolver com suas comunidades e até ampliar a participação em outras regiões. Conceitos como ESG, por exemplo, vão ao encontro desse momento por estimular maior transparência e impacto social a todos. Levar a companhia para centros rurais e periféricos proporciona, portanto, a combinação perfeita entre eficiência operacional com valorização da marca e da imagem.

*Otto Pohlmann é CEO da Centric Solution

Aviso: A opinião apresentada neste artigo é de responsabilidade de seu autor e não da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software

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