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*Por Fabrício Oliveira

É comum, quando falamos em inovação, que venha à cabeça tecnologias disruptivas, grandes corporações que investem milhões em criação e até startups que nasceram para resolver problemas que, muitas vezes, nem sabíamos que tínhamos. Essa visão, que tem um fundo de realidade, pode dar a impressão de que empresas de tecnologia estão sempre de olho na inovação, o que nem sempre é verdade.

Inovação vai além de produtos e serviços. Passa pelo mindset da companhia e precisa de um ambiente propício para vingar e se manifestar. Inovar também é repensar processos e criar novas formas de fazer mais e melhor. Do ponto de vista das empresas de tecnologia, a inovação precisa ir além dos produtos finais, da entrega para o cliente, ela precisa estar entranhada na cultura organizacional.

Isso exige confiança nas pessoas e na capacidade delas de produzir. Não há criatividade que resista a processos de comando/controle excessivos. Promover interação entre áreas e dar às pessoas autonomia para criarem e levarem novas ideias à liderança demanda uma gestão mais horizontal e humanizada, capaz de criar um ambiente de segurança, confiança e criação. Isto é, um verdadeiro ecossistema de inovação, que permite que a inteligência coletiva aflore.

Ao mesmo tempo, os colaboradores se desenvolvem como pessoas e como profissionais. As relações interpessoais se aprofundam e a empresa ganha mais visibilidade sobre as habilidades e competências de suas equipes e indivíduos. Cria-se um ciclo de diálogo e transparência a serviço da inovação.

Organizações de qualquer segmento podem se beneficiar disso por meio de iniciativas, muitas vezes, simples. Recentemente, lançamos na Vockan um “concurso” para que os colaboradores apresentassem projetos de benefícios que gostariam de ter – além, claro, dos benefícios de praxe. Foram inscritos 17 projetos, sendo três deles escolhidos por uma comissão para serem submetidos à votação de todos os colaboradores. Os funcionários escolheram uma iniciativa que implementa uma formação continuada na empresa por meio de uma plataforma on-line de cursos que já está disponível no mercado.

Mais interessante do que o resultado final – que é revelador sobre o que as pessoas querem de verdade – foi ver os times se articulando, conversando, buscando mais informações para estruturarem suas propostas e montarem projetos que fossem convincentes não para a diretoria, mas para seus colegas. Não há reinvenção da roda, percebe? Mas há um ambiente propício ao surgimento de novas ideias, novas oportunidades e a criação de vínculos que contribuem para a melhora desde o clima organizacional até para o aumento da produtividade.

Para o professor Mario Sergio Cortella, onde não há criação, inovação e construção, só existe repetição. Companhias que relevam a importância de ecossistemas fomentadores da inovação podem estar perdendo a chance de olhar para si mesmas como incubadoras da criatividade. E podem estar perdendo a oportunidade não só de fazer mais negócios, como de serem melhores empresas para seus funcionários, para o mercado e para a sociedade.

*Fabrício Oliveira é CEO da Vockan. Com mais de 15 anos de carreira na QAD, o executivo foi responsável pela implementação de diversos projetos de ERP, contribuindo na reestruturação da área de serviços e na utilização de ferramentas de usabilidade global. Como Head de Operações, liderou os times de Vendas, Suporte e R&D no Brasil.

Aviso: A opinião apresentada neste artigo é de responsabilidade de seu autor e não da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software

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