*Por Edvar Pera Jr.
A crise sanitária que ainda vivemos teve um grande impacto no mercado de tecnologia da informação. Empresas de todos os setores foram obrigadas a acelerar seu processo de transformação digital e isso, naturalmente, aumentou consideravelmente a demanda por profissionais de TI. Esta pressão, subitamente colocada no mercado de trabalho, vem resultando em falta de mão de obra, salários inflacionados e em um entrave importante para o desenvolvimento das empresas de todos os setores da economia, uma vez que o uso de tecnologia é transversal a todas as áreas.
Embora pareça um fenômeno pontual, a verdade é que a transformação trazida pela pandemia só jogou luz em um problema que já era latente no setor de TI brasileiro. De acordo o Relatório Setorial de TIC (2019), da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom), o Brasil deve ter um déficit de 270 mil profissionais desta área até 2024. Isso, obviamente, será um obstáculo à competitividade brasileira, resultando em uma perda de receita estimada em R$ 167 milhões por parte das empresas.
Além da pequena oferta de mão de obra, existe outro problema a ser enfrentado: o descompasso entre o perfil técnico e comportamental exigido pelas empresas e o perfil de conhecimento e experiência dos profissionais disponíveis no mercado. Portanto, além da escassez de profissionais ser um problema crescente na área, aqueles disponíveis precisam de tempo de experiência e treinamentos complementares para atender às efetivas necessidades das empresas.
Sendo assim, são ainda mais necessárias medidas ágeis, de curto prazo, para suprir as novas demandas das empresas com a formação técnica e profissional, tanto dos jovens que estão terminando os cursos de formação regular, quanto dos trabalhadores que perderam seus empregos, e que podem se atualizar em relação a novas tecnologias e linguagens que surgem no mercado.
É nesse contexto que o aprendizado remoto (e-learning), já muito presente antes da pandemia, se intensificou muito nos últimos meses e já se apresenta como uma alternativa efetiva para a complementação da formação e para o aperfeiçoamento dos profissionais de Tecnologia da Informação.
A diferença entre o momento pré e pós-pandemia é que este tipo de ferramenta educacional evoluiu muito e, também, o engajamento das empresas contratantes – diante da enormidade do problema que têm a enfrentar – vem sendo muito maior. Plataformas como a Workover, por exemplo, já possibilitam que um profissional interessado encontre vagas disponíveis nas empresas parceiras e faça, online, o processo de capacitação e atualização do seu portfólio de conhecimentos que potencializam suas chances de concorrer àquela vaga.
Estes profissionais podem ter contato com as tendências mais recentes em desenvolvimento de software, design e empreendedorismo. Deste modo, é possível contribuir para diminuir o déficit de mão de obra técnica especializada que existe hoje no Brasil e dar acesso às empresas de base tecnológica a jovens que até então estavam alijados dos processos de seleção destas empresas.
A escassez de profissionais de TICs, se não enfrentada, será um gargalo do país no processo de retomada do crescimento pós pandemia. Tanto o ensino técnico quanto universitário são essenciais, porém, não são suficientes, neste momento, para suprir a demanda do mercado. Somente com modelos inovadores de ensino, que engajem candidatos, empresas, entidades, governos e que tenham como base o e-learning, será possível evitar um apagão de mão de obra e preparar o setor de TI para um futuro sustentável.
*Edvar Pera Jr. é diretor executivo do NSC – Núcleo Softex Campinas – e responsável pela gestão do Up Skill – projeto de capacitação tecnológica, que tem o objetivo de preparar mão de obra especializada em tecnologia da informação.
Aviso: A opinião apresentada neste artigo é de responsabilidade de seu autor e não da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software