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*Por Angela Gheller

Nos últimos anos, o segmento de logística vem apresentando um desempenho econômico bastante positivo, ganhando relevância na economia nacional. De acordo com a Associação Brasileira de Operações Logísticos (ABOL), o setor movimentou R$166 bilhões em 2022 e gerou mais de 2 milhões de empregos, diretos e indiretos. E ainda em 2022, 42% das empresas aumentaram seu faturamento e 82% dos operadores tiveram crescimento no número de clientes, segundo a Associação. Em 2023, a logística também colheu excelentes resultados e por isso a expectativa é bastante otimista para 2024, levando em conta uma série de fatores como o protagonismo das entregas na nova economia do pós-pandemia; cenário econômico mais positivo; redução dos juros etc. Vemos um setor muito aquecido e surge o questionamento: qual a chave para um desempenho tão positivo? 

O fato é que parte da estratégia das empresas de logística passa necessariamente pelo investimento em tecnologia. O segmento, que já vivência há alguns anos o processo de digitalização, hoje considera cada vez mais fundamental a adoção da tecnologia para sua evolução. Não é o mundo perfeito, claro, e ainda existe espaço para a adoção de tecnologias no dia a dia das operações. Por isso, em 2024 a tecnologia deve continuar em foco, impulsionando transformações de curto e longo prazo no setor. 

Quando falamos em inovação do setor de operadores logísticos, uma das grandes tendências é o uso da Inteligência Artificial nos negócios. Mas para que o uso da IA se torne realmente efetivo nas empresas, é preciso ter uma gestão data driven, ou seja baseada em dados – e dados de qualidade. Quando combinados, o uso de dados e a IA podem trazer diferenciais importantes, como melhora nas tomadas de decisão, construção de um panorama de dados em tempo real para otimizar rotas, gerenciar estoques e prever demandas de forma mais precisa, aumentando a eficiência e reduzindo custos. A inteligência artificial também tem um papel fundamental na análise preditiva, fornecendo às empresas insights estratégicos e evitando o surgimento de problemas inesperados. 

Entre os principais temas que vão movimentar o setor logístico no próximo ano, não posso deixar de abordar a agenda ESG. Além de preocupações ambientais e com a sustentabilidade, iniciativas voltadas para aspectos sociais e de governança também precisam estar na pauta do segmento. É importante olhar com atenção para o seu entorno, fomentando iniciativas que beneficiem toda a comunidade ao redor, indo além da sua atividade principal.

Neste contexto, a tecnologia é mais uma vez grande aliada, permitindo um melhor controle de indicadores de impacto, que podem suportar a adoção de práticas para a redução da emissão de resíduos poluentes e de desperdícios. Entre as ações de ESG que podem ser adotadas pelo setor destaca-se, por exemplo, a adesão de veículos mais eficientes em termos de consumo energético, implementação de rotas de entrega mais eficazes, uso de tecnologias de rastreamento e gestão de frotas para redução do consumo de combustível, oferecer condições de trabalho seguras, e mais. 

Em 2024, outro tema que deve ser foco dos gestores da área é a otimização das operações de última milha (last mile), principalmente com o avanço do 5G no país, que permite melhor conectividade para uso de sistemas de rastreamento em tempo real de forma mais precisa e confiável. O 5G também facilita a comunicação com os motoristas e a transferência de grandes volumes de dados em tempo recorde, possibilitando tomadas de decisão mais estratégicas, além de contribuir para o desenvolvimento e adoção de inovações, como o uso de drones e até veículos autônomos. 

Outro destaque para o setor no próximo ano é a gestão avançada de estoque. Isso porque, com a digitalização da cadeia de abastecimento, é preciso ter um controle mais rigoroso dos processos de armazenamento, garantindo maior velocidade e eficiência às operações. Por isso, sistemas de gerenciamento de armazém (WMS) devem se tornar ainda mais essenciais para a rotina das empresas. Além de aprimorar a gestão e a visibilidade do estoque, e automatizar processos, soluções WMS fornecem dados em tempo, minimizando perdas e melhorando a satisfação do cliente. 

Dito tudo isso, para mim o grande movimento que deve tomar o setor logístico em 2024, integrando diversas das tendências mencionadas anteriormente, são os ecossistemas digitais nas empresas de logística. O que quero dizer: a adoção de diferentes ferramentas tecnológicas que agreguem inteligência e conectividade nas operações, contribuindo para a construção de uma forma revolucionária de gestão e otimização das operações logísticas. Por meio do uso de sensores, IoT (internet das coisas), rastreadores, ferramentas de análise de dados avançadas, sistemas de gestão e automação de tarefas, as empresas já estão desenvolvendo importantes ecossistemas em suas operações, auxiliando na evolução da supply chain como um todo. 

O setor logístico brasileiro tem expandido sua atuação, inovando na criação de serviços e atendendo a diferentes segmentos da economia. Vemos um ambiente onde a conquista da eficiência, a otimização de processos e da gestão de custos se torna cada vez mais fundamental. E a tecnologia deve desempenhar um papel ainda mais central nas empresas, apoiando seu crescimento, produtividade e sua estratégia de negócios voltada para resultados. Por isso, estudar o mercado e encontrar as soluções ideias para o seu negócio – de acordo com seu nível de maturidade – é a chave para se manter relevante no mercado. Não deixe para depois, e não fique para trás.

*Angela Gheller, diretora de produtos de Logística da TOTVS

*O material foi originalmente publicado no portal Tecnologística.

Aviso: A opinião apresentada neste artigo é de responsabilidade de seu autor e não da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software

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