*Por Vitor Conde
Ter uma cultura orientada por dados é uma premissa básica da transformação digital e isso já ficou claro para executivos de todos os setores. Esta forma de operar é o que gera novas fontes de receita, entrega uma experiência superior ao cliente e posiciona uma organização à frente de seus concorrentes.
Porém, dados em uma organização precisam ser de alta qualidade, relevantes e prontamente disponíveis, o que passa por ter uma boa governança de dados. Este é o conjunto de práticas e políticas que garantem a qualidade, segurança e efetividade do uso dos dados de uma maneira orquestrada. Trata-se de uma abordagem crucial para que dados gerem bons insights de negócios.
Evoluir neste tema também contribui para endereçar o paradoxo enfrentado por muitas empresas que, por um lado, fazem uso intensivo de dados para impulsionar seus modelos de negócio e, por outro, enfrentam grandes desafios na gestão de seus próprios dados operacionais. Estes entraves incluem a baixa qualidade de dados e a falta de governança de dados, que precisam ser superados para promover um crescimento mais disciplinado e eficiente.
De um ponto de vista técnico, quando pensamos nos componentes de uma política eficaz de governança de dados, é preciso ter processos bem estruturados. Isso inclui a organização de times, bem como a gestão e controle de ciclo de vida dos dados. Isso é o que vai garantir o acesso, bem como a extração de insights relevantes para o negócio.
Em outro ponto relacionado, é preciso também definir papéis e responsabilidades. Aqui, a decisão pode ser por uma abordagem centralizada, descentralizada ou híbrida. Definir quem são os donos dos dados desde o ponto de entrada até a tomada de decisão baseada nesses dados é essencial. Esta gestão eficaz garante a robustez na governança de dados, transformando dados em ativos valiosos para a empresa.
Do ponto de vista de arquitetura, definir as tecnologias que serão utilizadas para o armazenamento e processamento de dados é importante, bem como políticas claras para o ciclo de vida dos dados, incluindo procedimentos de expurgo.
A qualidade dos dados e a gestão de metadados também são aspectos vitais para uma governança eficaz. Os metadados fornecem um panorama dos dados disponíveis e ajudam no controle de qualidade, garantindo dados precisos e confiáveis.
Assim como em qualquer iniciativa de tecnologia, uma governança de dados eficaz precisa estar alinhada com os objetivos da empresa. Para isso, o apoio e envolvimento de “sponsors”, ou seja, líderes na organização que compreendem a importância desta abordagem, é fundamental. Sem este alinhamento, a governança de dados pode não entregar seu potencial completo, ou mesmo falhar.
Além disso, outros aspectos relevantes para as lideranças incluem a cultura organizacional. Para garantir o sucesso de uma estratégia de governança de dados, é preciso que líderes comuniquem as estratégias e as metas relacionadas aos dados da forma mais clara possível.
Por fim, também é preciso implementar um pilar de educação para todos os funcionários de uma organização, para que todos saibam como e onde extrair os dados que precisam. Neste ponto está um dos principais desafios a serem superados por empresas que querem evoluir na governança de dados. Um antídoto para este cenário é ter treinamentos contínuos sobre dados e a manutenção da comunicação eficaz sobre este tema entre as áreas – o que requer uma liderança forte e um compromisso contínuo com a cultura de dados.
Estas nuances técnicas e de gestão discutidas aqui mostram que a governança de dados pode ser um campo complexo, porém essencial, que requer uma abordagem integrada e estratégica. Um olhar holístico que considera esta frente de um prisma técnico, organizacional e cultural pode ajudar empresas a gerenciar seus dados de forma efetiva, e assim aprimorar a tomada de decisões e impulsionar o sucesso do negócio.
*Vitor Conde é customer advisor do SAS.
Aviso: A opinião apresentada neste artigo é de responsabilidade de seu autor e não da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software