*Valdemir Marques
A transformação digital tem sido assunto recorrente nos últimos tempos, tendo em vista principalmente a aceleração desse processo causada pela pandemia. Inúmeras empresas, de diversos segmentos do mercado, tiveram que rapidamente tirar suas operações do papel e implementar soluções e tecnologias que dessem continuidade aos seus negócios. Esse mesmo processo também foi vivido pela Saúde, o setor que sentiu na pele os duros impactos da pandemia e precisou ressignificar relações e processos, se conectando de fato à sua “alma digital”. No segmento que viu de perto que números não são só números – mas sim pessoas, vidas e histórias -, a tecnologia viabilizou relações ainda mais humanizadas no enfrentamento à essa difícil crise.
A evolução tecnológica na área da saúde é tão real e efetiva que vai seguir com ainda mais força: um estudo da IDC indica que, até 2022, serão investidos US$1,931 bilhões no setor — o equivalente a quase R$10 bilhões — apenas na América Latina. Nesse contexto, a parceria de hospitais, redes clínicas e operadoras de saúde com provedores de tecnologia é uma combinação de forças poderosa para desenvolver ferramentas para aumentar a produtividade, incrementar a atuação médica e proporcionar uma melhor experiência ao paciente em toda a sua jornada.
Nesse processo de conexão entre as partes, diferentes áreas das empresas envolvidas se unem, pensam, debatem e refletem sobre quais caminhos irão percorrer, quais são suas limitações e implicações para atingirem determinado objetivo. Não existe fórmula pronta, pois nessas horas é fundamental olhar para dentro, avaliar e reavaliar processos e aplicar os métodos adequados. É preciso compreender o funcionamento e as dores de todos os envolvidos – instituições de saúde, profissionais e, claro, pacientes – de maneira a encontrar soluções que amparem os negócios e sanem a “dor” que vinha se estendendo.
As mudanças e evoluções que permeiam a área da saúde esbarram, evidentemente, em aspectos e relações humanas. Nesse sentido, e principalmente ao se tratar de informações sensíveis e sigilosas, uma série de limites éticos, morais e legais precisam ser respeitados não só quando analisados aspectos humanos, mas também na relação entre tecnologia e tratamento ao paciente. Por isso, o setor possui órgãos e agências reguladoras que estipulam determinações, a fim de manter a ordem e organização na jornada de um paciente.
Em situações delicadas, como as que envolvem consultas médicas, tratamentos, internações, reclamações sobre experiências ou vivências negativas, negligências médicas ou intercorrências podem ser levados aos responsáveis, que repassam as informações e fiscalizam os retornos das operadoras de saúde, hospitais e clínicas médicas. A tecnologia, aqui, entra como um meio para agilizar respostas e, principalmente, soluções.
Fato é que, a conexão entre grupos multidisciplinares, com a troca de experiências e ideias e aplicações tecnológicas são capazes de gerar verdadeiras mudanças nas relações existentes no segmento da saúde – médico, paciente, hospital, clínica, operadora de saúde, e por aí vai. Todo esse movimento, se suportado por metodologias de desenvolvimento, como Business Agility, aplicadas de maneira humana e não mecânica, encontra caminhos que de fato levam à transformação do setor de dentro para fora, construindo a verdadeira alma digital. Depois de tantos desafios enfrentados pela saúde nos últimos dois anos, a valorização à vida precisa assumir sua devida posição de protagonismo, mantendo-se no centro de qualquer transformação. E a tecnologia está aqui para isso.
*Valdemir Marques, diretor executivo de Large Enterprise da TOTVS
Aviso: A opinião apresentada neste artigo é de responsabilidade de seu autor e não da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software