*Por Alejandro Chocolat
Não importa onde você esteja no mundo, o acesso à água potável é fundamental. Apesar de sua importância para a sobrevivência humana, cerca de um terço da população mundial ainda enfrenta a escassez de água potável e um quarto ou mais da água potável tratada nunca chega a uma torneira como resultado do envelhecimento ou vazamentos na infraestrutura de distribuição.
O consumo excessivo, o desperdício e a falta de planejamento na distribuição de água doce são algumas das maiores ameaças que o planeta enfrenta hoje, e não há dúvidas de que estes assuntos serão ainda mais relevantes e desafiador no futuro. Com a população da Terra projetada para atingir 9,7 bilhões de pessoas em 2050, o mundo precisará transformar a maneira como o são fornecidos a água e os serviços de saneamento para garantir água potável e saneamento administrado com segurança para todos.
Neste cenário, além do consumo irracional dos recursos, o planeta tem de ponderar outros fatores. À medida que as mudanças climáticas contribuem para ampliar a escassez natural, o uso da água e seu impacto econômico estão sendo examinados mais de perto. Não por acaso este é um dos temas presentes nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, que miram a disponibilidade e gestão sustentável da água. Neste cenário, países e empresas estão cada vez mais se perguntando como podem administrar melhor os recursos hídricos.
Mas como o mundo pode proteger seu recurso natural mais vital? Indivíduos, organizações e governos estão enfrentando o desafio usando tecnologia virtual. Ferramentas virtuais, como a plataforma 3DEXPERIENCE, permitem que possamos modelar de forma colaborativa novos produtos e processos em um universo 3D virtual, sem a necessidade de protótipos físicos, que consomem grandes quantidades de recursos naturais.
Por meio dos Gêmeos Virtuais (Digital Twins) criados nessas plataformas, é possível inovar e encontrar caminhos de como a água pode ser usada de forma mais eficiente. Graças à adoção de soluções baseadas em inteligência de dados, modelagem 3D e visualização virtual é possível rastrear a pegada hídrica de produtos e serviços, desde a idealização do projeto até a fabricação e o fim da vida útil. Em última análise, esse benefício é repassado aos consumidores, pois as empresas podem oferecer bens e serviços que foram projetados, fabricados e transportados com menos água.
Essas soluções de software trazem, portanto, a capacidade de compreender cada etapa do processo de inovação, avaliando qual seu impacto no consumo de água em cada etapa de sua jornada, analisando de forma detalhada cada processo e material utilizado.
Outro benefício é evitar o desperdício. Estima-se, por exemplo, que a cada 100 litros de água potável distribuída no Brasil cerca de 40 litros são perdidos em vazamentos, roubos e má-gerenciamento dos usuários e companhias. As plataformas digitais podem ser úteis para minimizar os problemas na rede, criando modelos de produtos e instalações preditivos e de maior confiabilidade para organizações e Governos, contra perdas.
Por outro lado, o compromisso de compreender e reduzir o impacto do consumo na água precisa ser real e ir além do uso de tecnologia. É fundamental, também, aumentar a conscientização sobre a importância da preservação da água por meio de iniciativas que estimulem a otimização, inovação e educação a respeito do tema.
Uma dessas medidas é a adoção de mais processos de inovação aberta em todo o mundo, com o uso de plataformas virtuais para reforçara colaboração entre startups, mentores, pesquisadores e fablabs. Essa inteligência coletiva pode ajudar os inovadores a desenvolver produtos e ideias que permitirão a redução do consumo e a maior preservação da água em nosso planeta.
A educação é fundamental para enfrentar o desafio de longo prazo de proteger os recursos hídricos. Para ajudar as futuras gerações a entenderem os desafios relativo ao uso da água, novos tipos de disciplinas e programas escolares que facilitem a aprendizagem e aprofundemos conhecimentos dos jovens em matérias como matemática, física, química, geografia, ciências da vida e da terra, nutrindo os conhecimentos e necessidades necessárias para a formação de uma nova geração de cientistas.
Esses ângulos –mensurar e otimizar, inovar e cria, e educar – que são o foco de iniciativas importantes como “Water for Life”, podem ajudar a enfrentar o desafio de preservar os recursos hídricos do mundo. É uma preocupação global que requer ampla colaboração entre pessoas, empresas, cientistas e engenheiros e a modelagem de todos os tipos de experiências do mundo real para encontrar novas soluções para este desafio tremendo.
*Alejandro Chocolat, Diretor Geral da Dassault Systèmes para a América Latina
Aviso: A opinião apresentada neste artigo é de responsabilidade de seu autor e não da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software