Andriei Gutierrez, Presidente da ABES, participou do Fórum Data Center Brasil, promovido pela Fiesp – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. O evento, realizado em São Paulo no dia 12 de junho de 2025, abordou questões fundamentais sobre a necessidade, entraves e riscos legislativos e regulatórios para a infraestrutura de data centers no país.
Em seu painel, que contou com a participação de Juliano Maranhão e Milene Louise Renée Coscione, sob a moderação de Juliana Abrusio, Gutierrez enfatizou a importância de compreender a função estratégica dos data centers para o Brasil. “Transações financeiras ou vendas do varejo estão cada vez mais ligadas ao processamento de dados que ocorrem em data centers. Seja o pagamento, a gestão de estoque, gestão e pagamento de fornecedores, vendas, análise de crédito etc., cada vez mais dependem de processamento de dados”, afirmou. Gutierrez também destacou a crescente dependência de dados em setores como telecomunicações, comunicações, jornalismo, entretenimento, mineração e petróleo e gás.
Um dado alarmante apresentado por Gutierrez é que o Brasil processa atualmente apenas 40% a 50% de seus próprios dados. Diante do crescimento da transformação digital, o investimento em data centers no país é urgente, e uma política de estímulo a essa indústria seria “mais que bem-vinda”.
Além da demanda interna, Gutierrez apontou uma oportunidade única para o Brasil. Com os EUA enfrentando esgotamento da capacidade energética para seus data centers, o Brasil, que possui um superávit de mais de 18 GW de geração de energia, pode se posicionar como exportador de processamento de dados, desenvolvendo a indústria local. Para ele, ter data centers no país, tanto para processamento interno quanto para exportação, é “cada vez mais estratégico para a soberania digital brasileira”.
A segurança jurídica para a exportação de serviços de processamento de dados foi outro ponto relevante abordado. Gutierrez salientou a necessidade de maior clareza conceitual no inciso IV do artigo 4º da LGPD e a importância de que o Marco Legal da IA, em debate na Câmara, não gere insegurança jurídica em torno da remuneração de direitos autorais para treinamento de modelos de IA, tema que, segundo ele, deveria ser discutido separadamente da legislação de IA.