*Por Juliana Gomes
O ano de 2020 foi sem dúvida ainda mais desafiador para as instituições de saúde não só no Brasil como no mundo. Se não bastassem as dificuldades já muito conhecidas do ecossistema da saúde como um todo, a pandemia COVID-19 “balançou” ainda mais as estruturas no País.
Foram (e continuam sendo) inúmeros entraves e desafios, de diversas ordens. E um deles certamente está relacionado aos protagonistas, ou seja, quem ao longo desses meses tem estado na linha de frente do cuidado.
Em meio a toda essa adversidade, além de muitos terem sido contaminados pela Covid-19, outros saíram do dia a dia por conta do burnout ou Síndrome de esgotamento profissional, como também é conhecida essa doença do mundo moderno. E o cenário era bem propício para isso: profissionais sobrecarregados, próximo aos pacientes e distantes dos familiares, exaustos física e mentalmente enfrentando uma doença totalmente desconhecida.
No começo a desinformação predominava. Não haviam evidências e nem estudos, além da ausência de estrutura para atendimento e com as taxas de mortalidade aumentando cada vez mais. Médicos, enfermeiros, farmacêuticos, entre outros, se dedicaram ao máximo para atender os pacientes, sem saber com o que estavam lidando.
Pesquisadores tiveram que correr contra o relógio na busca por criar novas pesquisas científicas e na execução de novos ensaios clínicos. Era necessário criar referências literalmente do dia para noite, sem perder o rigor.
A velocidade de novas publicações foi impressionante neste período. A ansiedade pela cura fez com que pessoas de todo o mundo iniciassem estudos e se apressassem a publicar conteúdos, mesmo sem critérios rigorosos, sobre o assunto. Com o tempo, o cenário da falta de informações inverteu-se e surgiram muitas informações relacionadas à doença, grande parte delas sem qualidade e sem respaldo científico. Os parâmetros que os médicos seguiam em termos de conduta em um dia, já não serviam no seguinte. E, novamente, novidades que exigiram dos profissionais da saúde uma velocidade de resposta gigantesca.
As dúvidas clínicas acontecem diversas vezes todos os dias. Novas doenças e novas pandemias podem surgir a qualquer momento e o profissional da saúde por estar na linha de frente sofre uma pressão contínua e precisa, além dos momentos de descanso adequados, de mecanismos para suportar o processo de decisão que possam trazer maior segurança.
É importante nos concentrarmos nas lições aprendidas, o que inclui facilitar o acesso à informação de alta qualidade validada por especialistas. E isso, de fato, pode ser feito melhorando a experiência de navegação e permitindo que os profissionais da saúde acessem de maneira fácil, sem esforço e sem barreiras, as informações que necessitam dentro do fluxo assistencial. Mesmo porque sabemos que o excesso também não é bom. Muitos cliques e uma série de sistemas para consultar e alimentar podem também mais atrapalhar do que ajudar.
É aí que a combinação entre medicina baseada em evidência e tecnologia pode fazer a diferença. Ela permite que profissionais da saúde adotem abordagens de cuidado mais eficientes, respondendo de forma clara e concisa a questões clínicas importantes baseadas na melhor evidência. O resultado: profissionais mais seguros, mais qualificados e com menos chances de adoecerem. Certamente vale a pena pensar nisso.
* Juliana Gomes é líder de novos negócios e projetos da Wolters Kluwer Health no Brasil
Aviso: A opinião apresentada neste artigo é de responsabilidade de seu autor e não da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software