*Por Onivaldo Roncatti
Os primeiros computadores eletrônicos do mundo – o alemão Z3 e o americano ENIAC, por exemplo – eram verdadeiras montanhas de válvulas que ocupavam o andar inteiro de um prédio. Seus inputs eram cartões perfurados. Hoje, mais de 70 anos depois, o software é uma plataforma escrita em linguagem específica de programação, armazenada em memória eletrônica e executada por um microprocessador que, na maioria das vezes, fica dentro de um bolso de paletó, como os smartphones. Seu mais moderno input é a voz.
É difícil nos imaginar vivendo hoje em dia sem eles. E, para as empresas, é impossível. Todos os negócios, independentemente do tamanho, precisam de softwares para gerenciar dados, melhorar o atendimento ao cliente e os processos internos. E o que antes era padrão, acabado ou “de prateleira”, como costumo dizer, no início dos anos 2.000 começou a ser customizado para o perfil de cada cliente e passamos a encontrar a mesma plataforma em lugares diferentes. Foi o início da personalização, alguns degraus acima da customização, para os negócios. Estávamos saindo da caixinha e entrando na era do out-of-box. Interessante notar que tínhamos a prateleira, saímos para a caixinha, depois para fora dela e agora estamos na caixa de volta, só que personalizada e global. Prova de que a história é cíclica e evoluída.
Para deixar claro o que vivemos nestes últimos 70 anos: o processamento em lote (batch) é o procedimento pelo qual os computadores concluíam automaticamente lotes de trabalhos em ordem sequencial com o mínimo de interação humana. Seu nome deriva do processo pelo qual lotes de cartões perfurados eram enfileirados para carregar os dados na memória do mainframe a fim de processar os dados. Como o termo mudou ao longo dos anos, o conceito hoje tem muitos nomes, incluindo agendamento de tarefas e automação de carga de trabalho, para citar apenas dois. Esses conceitos tornaram o processamento em lote mais sofisticados e eficientes e incluem novas tecnologias disruptivas, como computação em nuvem, Big Data, IA e IoT.
Hoje, softwares são produzidos para Equipes, Indústrias e Tecnologia. Não há limites. Chamamos de Plataformas, pois atendem toda a gama de necessidade, utilizando o mesmo produto. Esse é o início da desejada personalização. As soluções de software personalizadas, criadas do zero para as necessidades de um determinado negócio, são sempre únicas e especializadas. Elas se adaptam aos processos de empresas existentes e permitem que o cliente implemente novos processos rapidamente. Não há análogos neste caso. Sua interface é projetada especificamente para funcionários e clientes dessa companhia em particular. Todas as funções e ferramentas especiais do software personalizado são usadas ao máximo. Não há nada de supérfluo, apenas fluxos de real utilidade. Obviamente, esse software personalizado permite que o cliente trabalhe da forma mais eficiente possível.
Além disso, este tipo de software é propriedade apenas da empresa que o utiliza. Isso significa que o cliente pode adicionar e remover recursos. Se necessário, pode até mesmo desenvolver uma solução de software individual de acordo com os requisitos de cada área, ou dos novos processos que venham com o tempo. O desenvolvimento de software individual fornece controle total sobre quaisquer alterações e independência absoluta de terceiros. No quesito segurança, o software personalizado é o menos invadido por hackers e o mais fácil de proteger com produtos de segurança.
As opções de produtos acabados (“de prateleira”) significam que o software está pronto desde o início. Não é único. São soluções universais e oferecem funções para otimizar as operações de qualquer empresa. Mas a maioria pode ser adaptada ou customizada, como por exemplo o Skype, Microsoft Office Suite, SAP, Oracle, Domo, entre outros.
Confira as vantagens do software personalizado:
- Flexibilidade e eficiência: é possível decidir quais recursos incluir no produto de software, dependendo das necessidades de cada negócio;
- Segurança: por conter dados de somente uma empresa, o software personalizado não é muito gratificante para recompensar os esforços dos cyber criminosos;
- Suporte e Manutenção: com o desenvolvimento de software personalizado, obtém-se acesso a uma equipe dedicada que pode fornecer suporte técnico aprofundado e manutenção regular;
- Eficácia de custos: embora o desenvolvimento de um aplicativo personalizado possa não parecer a coisa mais econômica a se fazer no início, esse investimento pode gerar economias substanciais a longo prazo;
- Melhor integração com sistemas existentes: os vários processos manipulados por sistemas diferentes podem, com muita facilidade, serem integrados em um programa de software principal;
- Personalização: capacidade de personalizar a aparência da plataforma, que garante que o software se encaixe perfeitamente no fluxo de trabalho da empresa. Com o desenvolvimento customizado, é possível projetar e desenvolver um sistema alinhado ao modelo de negócio e, assim, promover a singularidade da marca;
- Escalabilidade: à medida que os negócios crescem, as necessidades se tornam mais complexas e exigem ferramentas mais avançadas. O desenvolvimento de software personalizado permite que a empresa garanta que o software seja dimensionado para acomodar o crescimento do negócio ao longo do tempo.
Sugiro sempre que o cliente tenha uma base totalmente construída, própria e exclusiva sem necessidade de inventar algo. A única coisa que precisa ser feita é a configuração de todas as funções e interfaces necessárias e básicas para a eficácia dos controles da empresa. Considerar a natureza de negócio, plano de vendas e plano de curto e longo prazo são essenciais. Não se pode esquecer que o longo prazo de ontem, já pode ser o curto prazo de hoje. Em resumo, é importante que o cliente esteja preparado para gastar dinheiro e tempo no desenvolvimento de um software próprio; tenha em mente as restrições de assinatura ou serviços gratuitos; crie soluções híbridas e obtenha o melhor de ambas. No mais, boa sorte na escolha e muito trabalho para conquistar o mercado.
*Onivaldo Roncatti é Diretor Adjunto, Membro do Conselho Deliberativo, Comitê de LGPD e Comitê Regulatório da ABES – Associação Brasileira de Empresas de Software; Diretor Executivo Senior da OR Partners e Head Brasil na @Domo.