*Por Cesar Ripari
Vivemos em um mundo movido a dados. Todos os dias, estamos compartilhando, criando e consumindo informações em nossos dispositivos pessoais e, principalmente, em nosso trabalho. Por isso, é certo que temos mais dados disponíveis hoje do que o volume que acumulamos ao longo de nossas vidas. Até 2025, serão aproximadamente 180 trilhões de Gigabytes e 5 mil interações diárias – por pessoa – orientadas a dados. Apesar disso, ainda existe um grande desafio: aprender e entender os dados para conseguir obter os melhores insights para tomada de decisões.
Hoje, estar alfabetizado em dados é tão importante quanto ler e escrever, mas ainda assim, estamos enfrentando uma grande lacuna de habilidades. E há um longo caminho para ajudar as organizações a enfrentarem os desafios quando se trata de ter as ferramentas e a experiência para fazer a diferença no trabalho, na análise e na comunicação a partir dos dados.
Essa é uma nova habilidade que qualquer profissional pode aprender para conseguir fazer as perguntas certas aos dados, construir conhecimento e obter respostas assertivas em prol de melhores resultados empresariais. Engana-se quem acha que esse conhecimento deve ser restrito a executivos de alto escalão. No atual cenário digital, em que o volume de informações disponíveis cresce exponencialmente, a alfabetização de dados deve ser adotada por todos, independentemente da função, nível de habilidade ou das ferramentas de BI (Business Intelligence) adotadas. Ganha-se, assim, vantagem competitiva para se destacar – e sobreviver—na agressiva economia global que temos atualmente.
Pesquisas mostram que empresas com equipes alfabetizadas em dados são mais produtivas, conseguem obter a liderança de mercado de uma forma mais rápida e apresentam um valor empresarial até 5% maior, podendo chegar a ganhos de centenas de milhões de dólares ao ano. A jornada para ampliação de conhecimento ainda está começando, mas esse caminho deve ser percorrido por todos dentro das organizações porque, afinal, estamos em uma nova era na qual os dados são a base para a diferenciação das empresas na transformação digital e na liderança na economia analítica de hoje.
Em termos globais, apenas 24% dos tomadores de decisão estão totalmente confiantes em sua capacidade relacionada a dados. Entretanto, 94% dos profissionais que usam dados em sua função atual concordam que a análise de informações ajuda na melhor execução de suas funções e a obterem maior credibilidade no local de trabalho por serem mais assertivos nas recomendações.
Alguns fatores ainda impedem que a análise dos dados seja amplamente difundida e a resistência interna é, sem dúvida, um dos principais obstáculos. Organizações e culturas são construídas sobre tradições corporativas e, geralmente, mudanças normalmente sofrem resistências. De posse dos dados corretos e analisados, muitas vezes, o “status quo” pode ser questionado e uma nova rota, diferente da que sempre foi praticada, pode levar a um novo modelo e novas decisões.
Na contramão de quem ainda é cético, muitas empresas estão começando a experimentar níveis sem precedentes de produção e consumo de dados para aumento de produtividade. É certo que os dados são uma importante fonte de energia e a base para mudanças transformacionais como a chegada da Inteligência Artificial, de 09(Aprendizado de Máquina) e Big Data, além de maior automação e de sistemas especiais de análise preditiva avançada.
Quase todas as empresas estão lidando com uma enorme quantidade de informações. Entretanto, coletá-las não é o mesmo que entendê-las, ainda mais diante da lacuna crítica de competências que existe. Alfabetização de dados não se trata apenas de ser capaz de ler números, gráficos e tabelas, mas extrapolar o significado útil dos dados e das várias representações visuais que são usadas para compreender e facilitar os negócios.
Por isso, quanto mais capacitados os profissionais estiverem para ler, trabalhar, analisar e comunicar com os dados, mais eles poderão contribuir para suas funções e para o futuro de suas organizações. Independentemente do tamanho ou da área de negócios da empresa, é possível desenvolver programas internos de aprendizagem. Com o uso de estratégias de educação e de novas tecnologias, certamente todos estarão alfabetizados e conseguirão falar o idioma dos dados, usando-os com propriedade para fazer descobertas inovadoras e para virar o jogo empresarial. O sucesso depende dos dados!
*Cesar Ripari, diretor de pré-vendas da QLIK para a América Latina
Aviso: A opinião apresentada neste artigo é de responsabilidade de seu autor e não da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software