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Por Amaury Gallisa*

De acordo com o Gartner, data e analytics são os principais impulsionadores dos esforços de digitalização e transformação digital de qualquer organização. Sem isso, as empresas não serão capazes de competir nessa economia digital emergente, que exige decisões mais rápidas e voltadas para o futuro. Estamos falando, portanto, de um mercado em franco crescimento, que segundo o IDC deve crescer 12% em relação a 2018. Isso deve ocorrer, especialmente por conta de um interesse cada vez maior das empresas em entenderem seus consumidores, as tendências de seus segmentos e aspectos gerais que envolvem os negócios. Mas, e nos bastidores? Quais serão os grandes destaques desse mercado? Será que a história, bem como os últimos acontecimentos que se tornaram públicos, são um prenúncio de mudanças de curso?

Não temos dúvidas que se trata de um mercado promissor e nós, os players do setor, enxergamos uma série de oportunidades por conta da importância crescente que data e analytics têm conquistado no dia a dia de todos que tomam decisões, sejam elas quais forem. Porém, não podemos negar que há alguns pontos que merecem ser observados. As recentes notícias na mídia sobre as aquisições – da Tableau, pela Salesforce, e da Looker, pelo Google Cloud – criam uma certa expectativa de como ficará esse mercado daqui para frente.

Primeiro pelo fato de que é impossível não correlacionar esses últimos acontecimentos com os de 2007, quando, assim como nos dias de hoje, esse segmento de data e analytics estava em plena ascensão. Apenas para relembrar, estou me referindo ao que ficou conhecido como "consolidação do mercado de BI". Foi quando Hyperion, Cognos e BO foram adquiridas por gigantes e suas tecnologias incorporadas aos portfólios igualmente enormes dessas empresas. Ou seja, as soluções de business intelligence, passaram a ser ofertadas dentro de um pacote de ofertas. E no mercado, não sobrou quase ninguém focado nesse tipo de solução.

Olhar para essa história pode ajudar a ter insights, o que, aliás, é bem propício para um mercado que "vive" de basear-se em dados históricos para tomar decisões e fazer análises preditivas com base nisso. Quais os impactos de forma geral? Quem ganhou e quem perdeu em 2007 e quem será impactado agora?

Para os acionistas das empresas em questão, tanto naquela onda de aquisições, como nessa, evidentemente foi lucrativo. Mas, será que para quem investiu nessas ferramentas esperando retorno dos seus investimentos, o desfecho foi positivo? Muitas empresas não conseguiram realizar o valor e nem mesmo preservar os seus investimentos. Isso porque a inovação parou, as plataformas não acompanharam a evolução e, especialmente, não responderam às necessidades que foram surgindo diante dos novos cenários e, sobretudo, a importância que a inteligência e os dados conquistaram ao longo dos anos. Portanto, será que ser maior é sinônimo de ser melhor e ter a melhor tecnologia?

Fora isso, as empresas cada vez mais querem tecnologias flexíveis – na nuvem ou on premise – e tendem a priorizar parcerias de longo prazo, que tragam inovação ao mesmo tempo em que preservam investimentos. E é questionável se os fornecedores que se restringem a ofertar suas tecnologias em um único modelo, como por exemplo, na nuvem conseguem dar ao mercado a flexibilidade necessária; ou aqueles que não têm data e analytics como core business conseguem acompanhar todas as tendências e manterem-se inovadores; e no final de tudo garantirem a preservação dos investimentos.

A própria Forrester, que é uma das empresas que analisam o mercado, antecipando tempos mais turbulentos na indústria de BI, começou a recomendar recentemente a integração de múltiplas plataformas de data e analytics, através do que eles chamam de "BI fabric". Em outras palavras, significa integrar diversas fontes e diversas plataformas de dados e criar um conceito de análises federadas que permitem construir e implantar uma aplicação corporativa com dados confiáveis e unificados.

Enfim, são muitos questionamentos. E seria até imprudente ter as respostas já que as movimentações mal começaram e estamos em um nível especulativo. Porém, como muitas empresas – segundo estudo da Forbes, até 2020, a análise preditiva e prescritiva atrairá 40% dos investimentos empresariais em Business Intelligence (BI) e Business Analytics (BA) – devem apostar nessa tecnologia em breve, é ponderoso que todos e, principalmente, quem tem data e analytics nos planos, comecemos a refletir sobre esses aspectos que comentei acima antes de decidir pela solução e o modelo a que irão adotar em seus projetos. É importante levar em consideração vários aspectos, todavia olhar para o fato de que quem se manteve focado e vivenciou todas essas mudanças de cenário e ao mesmo tempo evoluiu, certamente tem algum diferencial competitivo nesse sentido. Lembrando que se tem algo que ensina, esse algo é a história.

*Amaury Gallisa é vice-presidente para a América Latina da MicroStrategy

Aviso: A opinião apresentada neste artigo é de responsabilidade de seu autor e não da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software

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