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*Por Vinicius Oliveira e Helder Santos

No Brasil, em 2023, foram criadas mais de três milhões e oitocentas mil novas empresas (AGENCIAGOV). Todas essas empresas possuem algo em comum: impostos. Apurar, pagar e declarar tributos passa a ser uma atividade importante do negócio destas empresas, para que possam crescer de forma segura e eficiente.

Empresas brasileiras chegam a gastar entre 7 mil e 43 mil horas, por ano, para poder realizar as atividades de apuração, declaração e pagamentos dos tributos. Esse dado é da pesquisa da Deloitte, denominada “Tax do Amanhã”, na qual avalia diversas questões, relacionadas ao ambiente tributário, que estão na pauta dos executivos de empresas brasileiras e internacionais. E, apesar do expressivo gasto de horas com a conformidade tributária, ainda é necessário gerir uma quantidade significativa de litígios tributários. A tabela abaixo apresenta os dados da pesquisa.

Em média, 60% do tempo é gasto para os processos pré-pagamento dos tributos, sendo 30% dedicado a atividades pós-pagamento. Isto representa altos custos para a manutenção de uma estrutura empresarial no Brasil. O estudo do Banco Mundial, denominado Doing Business, aponta que a média de horas gastas por empresas da OCDE é de 160 horas por ano.

O uso de tecnologia para a redução dos custos de conformidade tributária, por meio da automação e simplificação do processo de apuração e declaração de tributos, se torna essencial. Surgem, nesse contexto, novas competências para o profissional que atua nessa área, bem como um novo campo de aplicação de conceitos como Inteligência Artificial, Machine Learning, Big Data, Computação em Nuvem, Low Code e Microsserviços. O relatório de transparência fiscal da empresa Via, publicado para o exercício de 2022, demonstra que a empresa entregou mais de 40 mil obrigações acessórias, através dos portais dos Governos Federal, Estadual e Municipal. Esse número não considera a quantidade de arquivos de notas fiscais eletrônicas transacionadas e, tampouco, os documentos de pagamento de tributos, apenas os arquivos de declaração exigidos pela legislação vigente.

Mais da metade dos executivos globais acreditam que, para os próximos três a cinco anos, a área tributária demandará por profissionais com habilidades para analisar dados e apresentar insights estratégicos, conforme aponta o estudo Tax Transformation, da Deloitte. Essa percepção é reflexo da crescente importância da tomada de decisões baseada em dados, diante do aumento dos requisitos governamentais para acesso direto aos dados fiscais das empresas. A pesquisa destaca, ainda, a relevância sobre a segurança da informação, que tem ganhado pauta nas preocupações de empresas nacionais e internacionais.

O volume de dados também é impressionante, portanto, tecnologias como Machine Learning, Big Data e armazenamento em nuvem, para lidar com a imensidão de dados manipulados pelas empresas, se tornam um diferencial competitivo. Para lidar com toda essa massa de dados, é necessário o desenvolvimento de aplicações robustas capazes de converter os dados em informações de forma rápida e eficiente, sem que o usuário seja impactado com lentidão nas ferramentas. Conceitos como Otimização de Algoritmos, Paralelização e Distribuição, Arquitetura de Microsserviços e o uso eficiente dos recursos computacionais devem ser empregados pelo time de tecnologia. Isso tudo sem deixar de lado a usabilidade das ferramentas.

Conhecimentos de programação computacional são apenas uma parte do vasto espectro dessa transformação. Observa-se, portanto, que as oportunidades não se limitam apenas aos que querem “botar a mão no código”. Há oportunidades para diversos perfis quando se trata do uso de tecnologias no setor tributário.

Por fim, ressaltamos que a Reforma Tributária está longe de diminuir a importância ou o escopo de atuação da tecnologia; na verdade, consolida ainda mais sua relevância no cenário atual. O recente texto aprovado pelo Senado não apenas mantém, mas amplia a visibilidade e a carga de trabalho para aqueles envolvidos no ambiente tributário. Em vez de representar um obstáculo, essa reforma se revela como uma fonte robusta de oportunidades para o futuro da tecnologia tributária.

*Vinicius Oliveira, é Bacharel em Sistemas de Informação, co-fundador e DPO da Tax Strategy.

*Helder Santos, é Pesquisador do Think Tank – Centro de Inteligência, Políticas Públicas e Inovação, mestre e doutorando em Contabilidade e Controladoria pela USP, co-fundador e CEO da Tax Strategy.

Aviso: A opinião apresentada neste artigo é de responsabilidade de seu autor e não da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software

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