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*Claudio Pasqualin

A população brasileira já atingiu a marca de 217 milhões de habitantes. Nosso país é a maior economia da América Latina e está entre os maiores PIBs do mundo. Após quase três anos vivenciando a pandemia de Covid-19, podemos esperar que avanços em relação à inclusão financeira de boa parte da população, com menos oportunidades e recursos financeiros, sejam impulsionados a partir de 2023. Aqui na TransUnion, temos quase como um mantra o conceito de “Informação para o Bem®”. Isto é, como podemos (através do uso, da análise e da inteligência de dados) ser mais um vetor da inclusão financeira para trazer possibilidades e acesso ao crédito.

Um estudo da TransUnion Brasil constatou que 33 milhões de brasileiros ainda não têm acesso a bancos no país. Além dessa enorme parcela, há ainda uma outra camada da população que, apesar de ser bancarizada, tem pouco alcance a produtos e serviços oferecidos pelos bancos. Em um país como o nosso, com a extensão territorial em torno de 8,5 milhões de km quadrados, muitas vezes uma única agência bancária cobre diversos municípios. Agora, imagine ter que se locomover por 50km para ir até uma agência solicitar crédito ou algum outro produto bancário sempre que necessário.

A transformação digital expandiu a oportunidade para o acesso ao crédito ou a uma conta corrente digital, facilitando a análise de risco e expandindo possibilidades a essa população.

Mesmo entre as pessoas consideradas bancarizadas (que têm uma relação já estabelecida com bancos), ainda há muitas que não criaram o costume de consumir e usufruir de serviços complementares. Além disso, muitos bancos ainda não oferecem uma ampla gama de serviços por meios digitais. Entre eles, apólices de seguro, financiamentos de veículos ou imóveis, planos de saúde, e outros serviços que já são ofertas comuns para a população que se relaciona com maior profundidade com as instituições financeiras.

Com os impactos socioeconômicos da pandemia de Covid-19, a transformação digital ganhou celeridade no mercado mundial e no Brasil. As empresas se viram, de repente, obrigadas a acelerar a digitalização em seus processos e ofertas, a fim de alcançar o consumidor em isolamento social em sua própria casa. Neste mesmo período, as vendas pela internet cresceram rapidamente. Esse cenário, ao contrário de qualquer outro que já experimentamos, impulsionou a bancarização de uma parcela da população com pouco ou nenhum histórico de crédito no mercado, e, até então invisível aos processos de análise de risco: os não atendidos.

Podemos classificar como sub-atendidas as pessoas que contam com apenas um tipo de produto de crédito (ou não mais que duas contas do mesmo tipo), e têm estado ativas no mercado de crédito por pelo menos dois anos. São esses os consumidores, que mencionei anteriormente, que não aproveitam todos os serviços de crédito — mesmo com conta bancária ativa — a exemplo de empréstimos, financiamentos, consórcios, cartões de crédito, entre outros.

No estudo global da TransUnion “Fortalecendo a Inclusão Financeira: Uma perspectiva mais profunda sobre consumidores de crédito sub-atendidos e não atendidos”, vemos ainda que, no Brasil, 41% dos entrevistados não atendidos planejam solicitar crédito, em comparação aos 39% dos sub-atendidos. A porcentagem de ambos os grupos indica que existe uma real necessidade e interesse por crédito. Encontrar maneiras de atender a essas pessoas representa uma oportunidade significativa de crescimento para os credores. Lembra do nosso mantra que comentei: Informação para o Bem®? Então, nossa visão de mercado resulta em um ciclo virtuoso, proporcionando tanto o crescimento do credor, quanto a ampliação da visibilidade dos consumidores até então desprivilegiados de ofertas e acessos a partir da análise de dados. Isso significa ajudar a melhorar a qualidade de vida dessa fatia da sociedade, impulsionando a inclusão financeira para uma nova vida. Mas, como alcançar essa parte da população? Por meio da análise de dados.

A promoção da inclusão financeira melhorará com o entendimento dos diferentes grupos que existem dentro de uma mesma população. É necessário entender quais os riscos de crédito desses grupos, através da avaliação de seus perfis de consumo. Esses cenários variam muito, o que muda diretamente a forma de chegar até essas pessoas. Enquanto os modelos tradicionais de concessão de crédito utilizam dados como o histórico financeiro, muitos players padecem de informações sobre os não atendidos. Ao unir dados positivos, como o comportamento de crédito de um consumidor, a dados alternativos, novos caminhos são abertos. Seja na otimização de um processo de tomada de decisão ou na modelagem acurada de diversos dados — que, por sua vez, ampliam as oportunidades de inclusão financeira e acesso ao crédito — o movimento de adicionar essas pessoas ao mercado certamente tem muito a contribuir para o impulsionamento da economia brasileira.

*Claudio Pasqualin é Vice-Presidente de Soluções da TransUnion Brasil

Aviso: A opinião apresentada neste artigo é de responsabilidade de seu autor e não da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software

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