*Por Adilson Pereira
Na grande maioria dos setores, as primeiras preocupações sobre a migração dos dados para a Nuvem começaram anos atrás. Como resultado, vimos uma mudança generalizada para arquiteturas Multicloud na última década, à medida que as organizações foram aprendendo a lidar com esta tecnologia em busca de mais agilidade para acompanhar tanto as crescentes expectativas dos clientes como as demandas de seus mercados em rápida mudança.
Para empresas de serviços financeiros altamente regulamentadas, no entanto, essa é uma realidade diferente. Apenas recentemente os benefícios da Nuvem começaram a superar os argumentos de segurança e integridade que se usava para manter as muitas cargas de trabalho de suas operações em ambientes locais. Somente há pouco tempo, então, pudemos acompanhar uma mudança acelerada nos departamentos de TI de bancos e seguradoras para a Nuvem.
Hoje, dada a variedade de serviços no mercado, a maioria dessas organizações usa mais de uma plataforma e possui cargas de trabalho distribuídas em vários ambientes. Essas estratégias Multicloud, com múltiplas Nuvens sendo combinadas, fornecem a agilidade e a escalabilidade que as empresas do setor de finanças precisam para se manter à frente, inovar mais rapidamente e otimizar continuamente.
Embora seja verdade que a escolha de várias plataformas ofereça maior flexibilidade às organizações financeiras (para executar diferentes tarefas, por exemplo), também é fato que cada Nuvem implementada em um ambiente Multicloud aumenta igualmente a complexidade e adiciona uma nova fonte de dados para monitorar. Em outras palavras, isso significa mais trabalho para que as equipes de TI tenham que lidar para o gerenciamento de infraestrutura (impedindo que esses times se concentrem na inovação).
Não por acaso, números de uma recente pesquisa independente realizada pela Dynatrace mostram que os especialistas de TI em organizações financeiras dedicam quase metade de seu tempo (42%) em trabalhos manuais e rotineiros, dedicados apenas para manter a infraestrutura funcionando.
Neste contexto, é imperativo que os times de TI contem com uma abordagem mais sustentável para gerenciar os ambientes e redes, liberando tempo e energia dos profissionais. Tempo e energia, no caso, que pode ser reinvestido na condução da transformação digital e na entrega das experiências de alta qualidade, segurança e eficiência que os clientes desejam.
Com efeito, ter mais tempo disponível para inovação é fundamental. Espera-se que as instituições financeiras mantenham nosso dinheiro seguro e acessível, e isso exige também que elas tenham como sustentar e desenvolver um fluxo constante de inovações. Quer os clientes estejam verificando o saldo ou os lançamentos de uma conta, solicitando um empréstimo ou transferindo dinheiro entre contas, os usuários esperam uma experiência digital perfeita. Caso contrário, eles podem mudar para a concorrência.
Para alcançar esse patamar, as equipes de TI nestas instituições financeiras precisam gerenciar a performance das aplicações de forma eficaz. Elas precisam de observabilidade inteligente e de ponta a ponta em seu ambiente Multicloud. Infelizmente, essa visibilidade não é fácil de alcançar, pois os pontos cegos continuam surgindo à medida que a infraestrutura se torna mais complexa.
Cada nova plataforma de Nuvem vem com sua própria solução de monitoramento nativa, como o Amazon CloudWatch ou Azure Monitor, que adiciona outra fonte de dados que as equipes de TI devem acompanhar. Esses times gradualmente se depararam com uma gama enorme de ferramentas que devem ser sobrepostas às soluções de monitoramento tradicionais para rastrear a atividade em toda a infraestrutura de TI.
Nossa pesquisa indica que, em média, as instituições financeiras contam com sete soluções de monitoramento diferentes para gerenciar ambientes Multicloud. Dessa forma, os departamentos de TI acabam sendo inundados por dados e, conseguintemente, forçados a gastar cada vez mais tempo reunindo manualmente insights de diferentes dashboards para manter o funcionamento eficiente e identificar problemas em seus serviços digitais. A tensão dessa tarefa reduz o tempo que eles têm para impulsionar a inovação e criar valor para o negócio.
Neste cenário, as abordagens tradicionais de monitoramento não são mais eficazes. Afinal de contas, as instituições de serviços financeiros precisam capacitar suas áreas de TI com uma abordagem mais inteligente para o acompanhamento de infraestrutura. Ao aproveitar AIOps (Inteligência Artificial para operações de TI), os times podem automatizar o maior número possível de tarefas de gerenciamento de infraestrutura. Essa opção, por sua vez, elimina pontos cegos ao descobrir e instrumentar continuamente a infraestrutura de múltiplas Nuvens, à medida que o próprio ambiente muda. Como resultado, os colaboradores podem manter a observabilidade de ponta a ponta sem precisar investir mais tempo e esforço em processos de monitoramento manual.
Os AIOps também podem permitir que as equipes façam uma triagem automática de notificações que indiquem uma possível interrupção na experiência digital e mostrem os insights precisos necessários para resolver problemas antes que eles afetem usuários e clientes.
Com uma abordagem AIOps, os times podem entender a causa de qualquer problema em sua infraestrutura Multicloud e priorizá-los conforme o impacto previsto nos negócios. Isso permite que os colaboradores do setor resolvam os problemas mais críticos primeiro e concentrem seus esforços em tarefas que aceleram a entrega de experiências de serviços financeiros confiáveis, inovadoras e de alta qualidade.
As instituições financeiras enfrentam uma concorrência feroz. As fintechs que nasceram no mundo digital podem inovar rapidamente, pois não têm a complexidade de gerenciar um ambiente local legado ao lado de plataformas modernas de Nuvem. Bancos e seguradoras mais estabelecidos adotaram a infraestrutura Multicloud para garantir a agilidade necessária para impulsionar a inovação. Quem não acompanhar cairá no esquecimento. No entanto, à medida que as instituições financeiras continuam sua transição para a arquitetura de múltiplas Nuvens, é fundamental garantir que a infraestrutura funcione sem problemas.
A criação de serviços digitais contínuos e a satisfação do cliente são os principais objetivos estratégicos de qualquer organização. A adoção de estratégias de monitoramento de infraestrutura que aproveitam a Inteligência Artificial e a automação pode ajudar as organizações a atingir esses objetivos. Reduzir a carga de tarefas manuais nas equipes de TI também permitirá que elas reorientem seu tempo e esforço em projetos que aceleram a transformação digital, geram melhores resultados para os negócios e fornecem experiências surpreendentes.
*Adilson Pereira, Diretor Regional de Vendas para o Mercado Financeiro da Dynatrace
Aviso: A opinião apresentada neste artigo é de responsabilidade de seu autor e não da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software