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*Por Angela Gheller

Depois de assumir uma posição vital para suportar grande parte dos segmentos da economia durante os períodos mais desafiadores da pandemia, a logística brasileira precisou se reinventar e 2022 foi um ano de consolidar as inúmeras transformações vividas. Operadores logísticos e embarcadores tiveram suas demandas multiplicadas e, com elas, surgiram também oportunidades de explorar novos mercados. 

Também observamos que o setor logístico avançou na digitalização, porém, ainda é um processo que caminha gradativamente. Segundo o Índice de Produtividade Tecnológica (IPT) de Logística, estudo realizado pela TOTVS em parceria com a H2R Pesquisas Avançadas, o segmento registrou uma média de 0,38 pontos — em uma escala de 0 a 1 –, reforçando um cenário de baixa internalização e aproveitamento tecnológico nas operações. O estudo identificou que há empresas que ainda não adotam sistemas especializados de gestão e ainda mantêm o controle se suas operações no papel e nas planilhas. Por isso, é imprescindível que o setor enxergue a tecnologia como aliada não apenas da produtividade, como também da rentabilidade do negócio. 

A digitalização da operação não é uma ação pontual, mas sim uma série de modernizações que podem ser feitas em toda a cadeia logística, a começar pela intralogística, ou seja, organizar e controlar a entrada e saída de veículos e cargas para alcançar melhor gestão de armazéns, pátios e veículos. Nesse sentido, soluções como YMS, que garante uma visão holística de toda a operação que está programada; WMS, que faz a gestão integrada e automatiza processos, garantindo gerenciamento completo dos armazéns; e ferramentas de agendamento e de controle de pátios e portarias, que organiza entrada e saída dos veículos, otimizam os processos internos que impactam no desempenho de toda a operação. 

A partir do cenário descrito acima, entro em outro tópico que o setor logístico precisa se atentar em 2023: a eficiência operacional. Diversos fatores impactam nesse quesito, como organização e controle de processos, gestão de custos, gestão de frotas etc. Segundo a pesquisa Panorama do Transporte de Cargas no Brasil, os custos logísticos subiram para 13,7% do PIB em 2022, participação muito maior do que em economias mais maduras, como dos Estados Unidos, em que o custo representa 7% do PIB. O estudo também aponta que o diesel — cujo preço subiu acima da inflação nos últimos dois anos — representa 37% do custo do transporte rodoviário de carga. 

É imprescindível que as empresas invistam em tecnologias para aprimorar o monitoramento e organização, proporcionando maior controle e eficiência para a operação. E aqui falo, por exemplo, de dispositivos tecnológicos que acompanhem os transportes, de modo a prever e organizar revisões e manutenções dos veículos, evitando possíveis prejuízos e atrasos na operação. De forma inteligente, fazer a otimização logística, entendendo qual a melhor rota (em relação a tempo, segurança, localização e custos), além do aproveitamento do espaço da carga para melhor otimização dos veículos (quais volumes e dimensões de abastecimento, sem afetar a carroceria e a carga). 

Em relação à transportes e digitalização, a chegada do 5G ao Brasil tem grande potencial de melhorar as atividades logísticas. As soluções — sejam essas device ou mobile — ganharão maior rapidez e latência de dados, fazendo a comunicação mais rápida entre os pontos da operação. Com isso, as empresas podem e devem se atentar para ferramentas e dispositivos de monitoramento e rastreamento de frotas, a fim de garantir que a operação esteja fluindo de forma prevista ou não, e assim controlar eventuais atrasos ou mudanças de planos, por exemplo. 

Falando em tecnologias mais modernas, soluções como drones, IoT, blockchain e logística data driven também são novidades que estão sob atenção do setor logístico. No caso dos drones, ainda é baixa a utilização dessa ferramenta para a entrega ativa de encomendas; no entanto, já observamos seu uso para o monitoramento de armazéns e a contagem de inventários. O uso de IoT também se dá com mais frequência em armazéns, porém os dispositivos também podem ser bem utilizados para o abastecimento e controle de veículos. 

Há empresas que já utilizam blockchain para garantir uma operação e transação ainda mais segura. A tecnologia pode ser utilizada para o rastreamento do estoque, para melhorar o frete e o transporte, garantir a verificação de autenticidade, além da segurança de faturamento e pagamentos e toda a transparência do processo. Já o conceito de data driven na logística é a aplicação de dados inteligentes na operação, ou seja, estruturar todas as informações e banco de dados disponíveis para promover uma operação mais eficiente e com tomadas de decisões baseadas em dados. 

Essas soluções, e todas as outras abordadas, estão disponíveis no mercado para aplicação imediata. No entanto, é preciso relembrar e reforçar que cada empresa possui um nível de maturidade diferente. Por isso é preciso analisar cada caso isoladamente e quais ferramentas farão sentido para cada negócio. Digo e repito: na jornada de transformação digital não adianta querer pular etapas. Entenda em que momento sua empresa está, quais são os gargalos da sua operação, quais são suas principais dores a serem resolvidas para assim fazer investimentos em tecnologia inteligentes e que de fato podem mudar o ponteiro da sua empresa.

*Angela Gheller, diretora de produtos de Logística da TOTVS

Aviso: A opinião apresentada neste artigo é de responsabilidade de seu autor e não da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software

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