*Por Mario Belesi
Diante das diversas transformações no mundo dos negócios e no modelo de atendimento aos consumidores, empresas de todos os segmentos estão sendo obrigadas a buscarem soluções que permitam acelerar a inovação e a eficiência de seus negócios. Em algumas empresas, essa nova velocidade exigida para o desenvolvimento de produtos já ultrapassou, inclusive, a capacidade de suas operações.
As companhias brasileiras estão diante de um novo ambiente cujo maior desafio é a necessidade de se adotar um canal de entregas mais ágil, colaborativo e sustentável – sob todos os aspectos e formatos possíveis. Em um mundo que demanda rapidez e avanços consistentes, a capacidade de colaboração é, sem dúvida, essencial para a construção de projetos mais assertivos.
Nesse cenário, um capacitador chave para gerar essa sustentabilidade verdadeiramente mais abrangente é a cultura do reuso – não apenas em relação à capacidade de reaproveitar materiais e elementos, mas também com a implementação de uma infraestrutura preparada para catalogar, localizar e gerenciar conteúdo e dados.
Isso significa adotar processos de gerenciamento de conteúdo, com a definição de uma ou várias hierarquias de classificação dos dados para organizar as informações e, assim, endereçar às novas necessidades dos negócios pós-pandemia. Estudos indicam que o gerenciamento eficaz de conteúdos sobre o processo de produção e sobre o reuso de materiais pode reduzir em até 70% o tempo necessário para o lançamento de um novo produto1 (conhecido como go-to-market).
De imediato, portanto, as empresas ganham em agilidade para desenvolver suas inciativas. Além disso, os sistemas de simulação 3D e de catálogo padrão de conteúdo tornam-se aliados-chave para o desenvolvimento mais acelerado de produtos, não somente para reduzir o tempo de lançamento no mercado, mas para diminuir os custos e prazos que antes eram necessários para a etapa de análises e de estudos.
A reutilização de dados de produtos, por exemplo, pode facilmente agilizar o avanço de design e composição de um novo projeto. Em outras palavras, as aplicações colaborativas apoiadas em modelos de gestão padrão de conteúdo são importantes para a formação de uma visão científica, verificada e compartilhada entre os diferentes grupos envolvidos na operação, maximizando assim os esforços para uma narrativa de alto impacto. A reutilização inteligente de informação permite que as empresas reúnam e enriqueçam seus dados, transformando pequenos avanços em grandes insights para decisões mais rápidas, melhores e lucrativas.
Ao dispor de bibliotecas e modelos para compartilhamento, as companhias abrem a oportunidade de promover o aprendizado entre diversos times e áreas. As hierarquias de classificação podem ser adaptadas em um sistema ativo sem a necessidade de alterar o esquema de banco de dados subjacente. Com isso, gerentes e especialistas ganham a opção de gerenciar suas pesquisas por conta própria, em vez de ter que passar por uma modificação custosa de todo o sistema de gerenciamento do ciclo de vida de produtos (PLM).
Por meio de uma plataforma de gestão de conteúdo destinada à integração desses conhecimentos, portanto, é possível tornar mais rápido o caminho com que os usuários podem localizar os ativos de que precisam e, dessa maneira, escalar suas descobertas. Em contrapartida, vale sempre destacar que esse ambiente também assegura a possibilidade de se definir critérios como o direito sobre uso de dados, bem como controlar quem, quando e onde um determinado pacote de informações poderá ser utilizado para a construção de um novo projeto ou até mesmo de um produto.
A falta de um sistema eficiente de reutilização de conteúdos de produtos acabará por diminuir qualquer economia potencial que possa ser obtida pela empresa em longo prazo. Por diversos fatores, perder o conhecimento gerado no desenvolvimento de um produto ou processo é um prejuízo no qual nenhuma organização jamais poderá se dar ao luxo de ter.
Por isso, entendo que a correta abordagem de reutilização de conteúdos gera agilidade ao processo de fabricação e inovação, com tarefas desafiadoras para as empresas. É possível abordar lacunas de eficiência, maximizar o uso de recursos e conectar todos os agentes interessados em um grande ecossistema de melhoria contínua. Tudo o que as companhias precisam para fechar o ciclo é uma plataforma digital integrada e colaborativa que impulsione a sustentabilidade. O Brasil ganhará muito com esses avanços.
*Por Mario Belesi, Diretor da Dassault Systèmes SOLIDWORKS para a América Latina
Aviso: A opinião apresentada neste artigo é de responsabilidade de seu autor e não da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software