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Por Marcelo Bradaschia, cofundador do FintechLab

 

Recentemente, um tour organizado pelo Governo de Ontário levou empresas brasileiras do setor de finanças e tecnologia para visitar a cidade de Toronto, capital da principal província do Canadá. Representando o FintechLab, uma das maiores plataformas de advisory, pesquisa e hub de inovação para startups, empresas e investidores no mercado de fintechs nacional, tive a oportunidade de conhecer o ambiente de empreendedorismo e inovação da cidade para a área de fintech.
 
Os interesses são diversos e Ontário se mostrou um local com inúmeras possibilidades. Com um ecossistema maduro, a conexão entre diferentes atores é um grande diferencial. Um exemplo disso é o modelo adotado pela universidade de Waterloo, uma das principais referências em ensino e formação da região. Com mais de 30 mil alunos, seus cursos estão divididos em diferentes áreas de conhecimento, sendo que os de Engenharia e Matemática estão entre os mais concorridos.
 
Hoje, Waterloo é um dos locais que mais contribui com profissionais para os principais centros de inovação do mundo, como é o caso do Vale do Silício, nos EUA. Este resultado é impulsionado por algumas características únicas, como o seu modelo de co-op, que funciona como um estágio, onde os alunos são incentivados (e em muitos cursos obrigados) a intercalarem atividades práticas em empresas que os contratam com os períodos de ensino desde o início do curso.
 
Além disso, a universidade conta com uma política diferenciada de propriedade intelectual, que garante que os alunos e professores sejam os detentores das ideias e inovações criadas no seu espaço. Diferentemente de universidades como MIT e Stanford, que detêm a propriedade intelectual dos projetos desenvolvidos por seus alunos e professores, o modelo de Waterloo é um grande incentivo ao desenvolvimento de novas tecnologias e à colaboração.
 
Mas não para por aí. A região de Waterloo é sede da Communitech, um centro de inovação sem fins lucrativos que já foi o berço de aceleração de mais de 1000 iniciativas de tecnologia, como foi o caso do unicórnio Vidyard. Com uma estrutura de mais de 4500 metros quadrados, seu modelo se propõe a ser um hub de conexão entre marcas globais, agências do governo, incubadoras, aceleradoras e instituições acadêmicas. Como exemplo disso, o TD Bank, um dos maiores bancos do Canadá, estruturou na Communitech seu laboratório de inovação.
 
Outra referência do modelo de inovação de Ontário é o MaRS Discovery District, o maior hub de inovação urbano do mundo, voltado para apoiar o lançamento de startups, pesquisas e inovação. Localizado em Toronto e referência nas áreas de healthtech e energias renováveis, o MaRS passa a abrigar cada vez mais iniciativas de fintech e temas relacionados.
 
O nascimento de novas tecnologias tem sido um tema comum em Ontário. Startups como a Nuco.io, que tem a ambição de se tornar a AWS (Amazon Web Services) do mundo de blockchain, e a NanoPay, uma startup que nasceu de um projeto de pesquisa promovido pelo Banco Central do Canadá e hoje se torna uma solução promissora para troca de valores virtuais.
 
Apesar de o Canadá possuir uma estrutura financeira equivalente à brasileira, com concentração do mercado em poucos grandes players e estrutura regulatória primordialmente federal, vê-se um papel muito ativo dos órgãos reguladores para fomento da inovação. O Banco Central do Canadá anunciou há alguns meses que estava desenvolvendo uma versão do dólar canadense no blockchain. Ainda são pesquisas e testes, mas o movimento é um exemplo da abordagem que tem se dado a temas disruptivos.
 
O que talvez seja a maior diferença entre Ontário e Brasil é a capacidade do local e a proximidade estruturada entre universidades, empresas privadas, startups, investidores, aceleradoras, entre outros, além da disponibilidade de recursos, humanos e financeiros, para impulsionar ideias para soluções no mercado. Independente do interesse ou estratégia de sua empresa, o Canadá possui um ambiente versátil, preparado e acessível.

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