Constantemente ouço falas de frustações e desânimo como estas:

“Não aguento mais a politicagem no trabalho. Parece que todo mundo só pensa em si mesmo e passa por cima de tudo e de todos para progredir”; “aqui, na empresa, até para comprar um lápis, tem que pedir autorização”; “ tenho que tomar muito cuidado aqui. Se digo o que realmente penso, me despedem”; “meu chefe me controla nos mínimos detalhes. Não tenho autonomia para nada”; “temos reuniões intermináveis e sem resultados.”

Então, o que você faria se estivesse em uma situação dessas – ou em qualquer outra situação na qual a falta de confiança cria politicagem e burocracia ou, simplesmente, retarda as coisas.

Conformado, você aceita isso como sendo o preço de fazer negócios ou ser bem sucedido? Ou você faz algo para inverter tais situações?

Eu afirmo que você pode fazer algo quanto a isso, porque as questões de confiança afetam todos. O que você pode fazer é: aprender a estabelecer, ampliar, estender e reconquistar a confiança, para ajudar a modificar positiva e significativamente a trajetória de cada momento presente e futuro de sua vida. Pelo simples fato de que você não pode obter sucesso sem confiança.

A palavra confiança abrange quase tudo aquilo que se pode desejar para ajudá-lo a prosperar.

Mostre-me  qualquer relacionamento que funcione sem confiança, unzinho só!!! Um casamento; ou uma amizade. Qualquer um!!!

E, a longo prazo, a mesma coisa se aplica à sua carreira e ao mundo dos negócios. A diferença entre um relacionamento de alto e um de baixo nível de confiança é gritante!

Vamos ver isso usando a Comunicação como exemplo: em um relacionamento com alto nível de confiança, você pode dizer a coisa errada e, ainda assim, as pessoas entenderão suas intenções e o significado do que você quis dizer, porque elas vão dialogar com você, um diálogo franco e aberto.

Em um relacionamento com baixo nível de confiança, você pode ser muito cuidadoso com suas palavras, muito preciso e, ainda assim, as pessoas tirarão conclusões erradas sobre o que você disse e sobre sua intenção quando falou, porque elas estão imersas na desconfiança.

Você consegue imaginar a diferença que faria se pudesse aumentar o grau de confiança nos relacionamentos importantes em suas vidas pessoal e profissional?

A técnica e a tecnologia são importantes, mas conquistar a confiança é a questão-chave para exercer a Liderança.

Então, afinal, o que é confiança?

Em vez de dar uma definição complexa, vou usar as palavras de Jack Welch, ex-CEO da General Electric. Ele disse: “você sabe o que é confiança, quando a sente”.

De forma simples, confiança significa ter certeza de que a pessoa não esconde nada e é sincera.

O oposto da confiança – a desconfiança – é a suspeita sobre sua sinceridade.

Quando você confia nas pessoas, você confia na sua integridade e em suas competências.

Quando desconfia das pessoas você desconfia de suas intenções e atitudes e da sua integridade, sua agenda, suas competências ou seus antecedentes.

É simples assim!

A confiança não surge simplesmente porque a pessoa conta racionalmente um fato. Por exemplo, a confiança não vem simplesmente porque um vendedor  conta um caso racional de por que o cliente deve comprar um produto ou serviço.

A confiança não vem de nenhuma “receita” ou de uma lista de procedimentos. Cumprir com suas obrigações não cria confiança. A confiança é um sentimento. Não é uma experiência racional.

A confiança começa a surgir quando nós temos o sentimento de que a outra pessoa ou a organização se orientam por outras coisa que não o interesse próprio ou o próprio lucro.

Com a confiança vem o sentido do valor – o valor real, não apenas o valor comparado com o dinheiro. O valor, por definição, é a transferência da confiança.

Você não pode convencer ninguém que você tem valor; assim como você não consegue convencer ninguém a confiar em você.

Você tem que conquistar a confiança pela comunicação e pela demonstração de que compartilha os mesmos valores e as mesmas crenças.

Existem muitos executivos talentosos com capacidade de gerenciar operações, mas a grande liderança não é baseada exclusivamente na grande capacidade operacional.

Liderar não é exatamente o mesmo que ser o líder.

Ser o líder significa que é você quem ocupa o posto mais alto, que para ser conquistado exige competência , boa sorte ou um bom trânsito na política da organização.

Liderar, porém, significa que os outros seguem você voluntariamente – não porque precisam, nem porque são pagos para isso, mas porque querem fazer isso.

Os que lideram são capazes de fazer isso, porque os que o seguem confiam que as decisões tomadas visam ao melhor interesse do grupo. Em troca, os que confiam trabalham duro, porque sentem que estão trabalhando por algo maior do que si mesmos.

Desta forma, a organização e as pessoas estabelecem e andam na velocidade da confiança.

Em uma empresa a alta confiança, melhora a comunicação, a colaboração, a execução, a inovação, a estratégia, o compromisso, as parcerias e os relacionamentos com todos os stakeholders.

Na vida pessoal, a alta confiança melhora significativamente o ânimo, a energia, a paixão, a criatividade e a alegria nos relacionamentos com família, amigos e comunidade.

Os ganhos não vêm apenas na velocidade aumentada e da melhoria econômica. Eles se traduzem também em maior prazer e melhor qualidade de vida.

Aviso: A opinião apresentada neste artigo é de responsabilidade de seu autor e não da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software

Valerya Carvalho
Valerya Carvalho
Management Hacker, apaixonada por liderança e gestão. Especialista em gestão flexível e colaborativa, defende um novo modelo de liderança para o século 21 que cria e sustenta organizações capazes de lidar fortemente com a complexidade, sem deixar o ser humano de lado. É formada em Administração com MBA em Finanças pelo IBMEC e MBA em Controladoria, pela USP. Além de Coach formada pelo ICI – Integrated Coaching Institute, certificada no MBTI® e Insigths Discovery. Facilitadora Learning 3.0. Tem mais de 25 anos de experiência como Controller e CFO em empresas líderes no Brasil, entre elas Grupo Suzano, Chocolate Garoto S.A, Nestlé e Logoplaste do Brasil, atuando em gestão estratégica e financeira. Durante sua carreira executiva, reestruturou empresas, conquistou mercados e desenvolveu estratégias de negócios de sucesso. Coautora do livro Organizar para a Complexidade. Cofundadora do Beta Codex. Cofundadora do Instituto Sentido. Mais informações: https://www.linkedin.com/in/valerya-carvalho/?originalSubdomain=br
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