*Por Leticia Rocha
Com os avanços tecnológicos e a crescente complexidade e interconexão entre sistemas usados pelas empresas, é possível observar uma escalada constante em relação à sofisticação e ao impacto dos ataques hackers nos negócios. Notícias sobre gigantes corporativos enfrentando enormes perdas financeiras devido a paralisações em operações, serviços ao cliente, redes de distribuição e roubos de dados sensíveis, reforçam os perigos que as grandes organizações enfrentam quando não se protegem de forma adequada. Porém, engana-se quem imagina que os hackers não estejam interessados em chegar e gerar graves consequências também para os negócios das pequenas e médias empresas (PMEs). A cibersegurança está longe de ser assunto apenas para as grandes companhias.
A realidade é que os criminosos digitais atacam para todos os lados. A falsa sensação de segurança ao pensar que apenas empresas maiores, que lidam diariamente com volumes elevados de dados e transações financeiras, sejam alvos, faz com que as menores negligenciem as ameaças. Por esse motivo e por geralmente operarem com orçamentos mais restritos, as PMEs muitas vezes correm mais riscos por não se protegerem corretamente.
Para os cibercriminosos, as pequenas e médias empresas são alvos muito atrativos, especialmente por sua grande abundância no mercado e pelo baixo custo para atacá-las. Isso ocorre porque estas empresas, assim como as grandes, adotaram um ambiente de rede híbrido e descentralizado, aumentando em muito a superfície de ataque. Porém, diferentemente das grandes companhias, as pequenas e médias empresas em sua maioria não possuem as camadas de segurança e controle necessários para se proteger de ataques em cada vez mais escala e mais automatizados.
Mesmo que apenas algumas companhias sejam afetadas nesses ataques, o retorno para os hackers pode ser significativo e o impacto para a empresa devastador, uma vez que eles podem passar a ter acesso a contas bancárias e sistemas financeiros, e aplicar golpes que são capazes de desestabilizar e até paralisar os negócios. Vulnerabilidades ignoradas ou negligenciadas servem como porta de entrada para a instalação de malwares que espionam, controlam dispositivos remotamente ou criptografam dados por meio de ransomware. Para ter suas informações devolvidas, as empresas são extorquidas a pagar grandes quantias. No caso de organizações de menor porte, o simples ataque bem-sucedido pode resultar em enormes perdas financeiras, capazes de comprometer seriamente o empreendimento e seus negócios de forma irreversível.
Além dessas consequências, é preciso ressaltar que, assim como as grandes organizações, as pequenas e médias também lidam com informações sensíveis de clientes e parceiros, que precisam ser protegidas. Possíveis violações desses dados podem expor a riscos jurídicos, pois elas também precisam atender a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais), que traz fortes sanções inclusive financeiras em casos de violação. Outro aspecto de ampla relevância é a perda de confiança dos consumidores e parceiros que tiverem seus dados vazados. Para enfrentar esses desafios, desenvolver e implementar políticas e soluções digitais de segurança cibernética claras e abrangentes é essencial.
Hoje o cenário tecnológico já permite que pequenas e médias empresas adotem aplicações avançadas com o mesmo nível de proteção que anteriormente era restrito às grandes companhias. Tecnologia e custos não são mais barreiras para que as pequenas e médias empresas possam ter acesso a ferramentas robustas de segurança cibernética. O mercado já tem à disposição ofertas no modelo de contratação “como serviço”, que permite diluir os investimentos ao longo do tempo de uso das tecnologias. Ao contratar soluções de Software como Serviço (SaaS), que inclusive também opções de Hardware como Serviço (HaaS), não é necessário investir antecipadamente e é possível encaixar os valores nos orçamentos de acordo com as necessidades de cada negócio através de pagamentos mensais. Assim, a empresa possui maior previsibilidade das despesas para uma melhor gestão sem um alto investimento inicial.
Cibersegurança como Serviço é a chave para tornar a proteção mais acessível para negócios de todos os tamanhos. A partir desse modelo, não é preciso se preocupar com a atualização das ferramentas, que são feitas de forma automática e constante pelo fornecedor. Assim, novas funcionalidades podem ser integradas automaticamente, garantindo que as organizações se mantenham protegidas contra as ameaças mais recentes. Outro destaque é poder adotar serviços de monitoramento, gestão e suporte especialmente desenhados para o perfil de cada negócio, sem precisar manter profissionais especializados em segurança cibernética em sua estrutura interna.
Segundo informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), das mais de 21 milhões de empresas ativas no Brasil, cerca de 99% são pequenas e médias. À medida que essas companhias evoluem, suas necessidades em cibersegurança também aumentam. Por isso, elas devem enxergar na cibersegurança como serviço uma solução para escalar e flexibilizar sua proteção, de forma econômica, garantindo segurança mesmo com o crescimento de suas operações.
As pequenas e médias empresas desempenham um papel fundamental na economia brasileira, e, diante disso, a cibersegurança não pode ser negligenciada. Em um mundo cada vez mais digital e interconectado, qualquer organização, independentemente do seu porte, pode se tornar alvo de ataques cibernéticos. Felizmente, as soluções de cibersegurança estão mais acessíveis do que nunca, permitindo que as PMEs adotem medidas eficazes para proteger seus negócios e assegurar a confiança de seus clientes.
*Leticia Rocha, Gerente de Canais na Blockbit
Aviso: A opinião apresentada neste artigo é de responsabilidade de seu autor e não da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software