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*Por Jorge Sukarie

Ao longo das últimas duas décadas o Brasil tem se destacado no cenário global de tecnologia da informação (TI), com sua posição em rankings internacionais revelando tanto os desafios enfrentados quanto as conquistas obtidas. Em 2024, a parceria entre a Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES) e a International Data Corporation (IDC) celebra 20 anos de contribuições valiosas para a compreensão e o desenvolvimento do mercado brasileiro de software e serviços. 

Ao longo desses 20 anos, tive a oportunidade de acompanhar de perto a evolução do setor e as transformações que o estudo proporcionou ao mercado brasileiro. Desde o início dos estudos em 2004, o Brasil tem ocupado diferentes posições no ranking mundial de investimentos em TI, demonstrando um crescimento constante e significativo no setor. No início dos anos 2000, o país figurava entre as 10 principais economias em termos de investimento no setor, oscilando entre a 7ª e a 11ª posição ao longo dos anos. Em 2006, o Brasil mantinha uma posição sólida, ocupando o 13º lugar no ranking global, refletindo a força dos investimentos em software e serviços que começaram a representar uma fatia crescente do mercado interno. Esse período foi marcado por um impulso expressivo no desenvolvimento de soluções tecnológicas adaptadas às necessidades locais, o que permitiu que o país se sobressaísse no cenário internacional. 

Nos anos seguintes, o Brasil continuou a fortalecer sua presença no mercado global, apesar das oscilações econômicas e das mudanças políticas internas. Em 2012, o país atingiu o pico de seu desempenho, alcançando a 7ª posição no ranking global de TI. Esse resultado foi estimulado por um aumento considerável nos investimentos em tecnologia e pela expansão do mercado interno, que cresceu rapidamente em resposta às demandas por digitalização e inovação. No entanto, os desafios econômicos e a volatilidade cambial impactaram o crescimento sustentado, resultando em uma queda para a 10ª posição em 2019 e, posteriormente, para a 12ª em 2022. Em 2023, o Brasil voltou a estar entre os 10 maiores mercados de TI, reassumindo a 10ª posição. Esses movimentos no ranking expressam as flutuações econômicas globais, bem como a resiliência do mercado brasileiro, que continua a se adaptar e a crescer mesmo em tempos de incerteza. 

Ao avaliar essa jornada, fica claro que o estudo é uma ferramenta estratégica para entender e direcionar o crescimento do setor. Os estudos anuais da ABES/IDC também ressaltam as tendências tecnológicas que moldaram o mercado brasileiro de TI ao longo dessas duas décadas. Desde 2004, o Brasil tem acompanhado de perto as inovações globais, adaptando-as às suas próprias necessidades e realidades. A partir daquele ano, a adoção de tecnologias emergentes, como computação em nuvem, software como serviço (SaaS) e inteligência artificial (IA), tornou-se cada vez mais marcante. Essas tendências demonstraram uma forte mudança na forma como as empresas brasileiras operam, alavancando a inovação e a competitividade no cenário global. Por exemplo, o crescimento do uso de soluções de nuvem no Brasil transformou o mercado interno e, simultaneamente, abriu novas oportunidades para as empresas locais competirem em um nível global. 

Outro ponto interessante observado nos estudos é a crescente importância da segurança da informação e da análise de dados. Com o avanço da transformação digital, esses temas ganharam visibilidade, e o Brasil passou a investir notadamente nessas áreas, reconhecendo a necessidade de proteger dados e utilizar informações de maneira estratégica para impulsionar o crescimento dos negócios. As empresas brasileiras, especialmente as pequenas e médias, adaptaram-se rapidamente a essas tendências, a partir da incorporação de novas tecnologias e ajustes em suas estratégias para manterem a relevância em um mercado cada vez mais competitivo.

A edição especial que celebra os 20 anos do estudo da ABES/IDC, abrange um balanço dos principais resultados e marcos do setor nos últimos anos. O documento revisita os marcos históricos do mercado de TI no Brasil, assim como apresenta uma análise detalhada das posições do país nos rankings globais de TI, com ênfase em relação à evolução e às transformações que permitiram ao Brasil figurar entre os maiores investidores em TI do mundo. Adicionalmente, a edição aborda projeções para o futuro e oferece insights sobre as oportunidades e desafios que o mercado brasileiro enfrentará nos próximos anos. 

A história contada por esses estudos ao longo das últimas duas décadas revela um Brasil resiliente e inovador, capaz de se adaptar e crescer mesmo em meio a adversidades. O país, que se consolidou como um dos principais mercados de TI na América Latina, continua a desempenhar um papel primordial na economia global de tecnologia, com perspectivas promissoras para os próximos anos. Ao olhar para essa jornada, é nítido que o Brasil seguiu as tendências globais e, também, influenciou-as, haja vista que desenvolveu e continua desenvolvendo soluções tecnológicas que hoje são reconhecidas e utilizadas em todo o mundo. 

Os próximos anos prometem continuar com essa trajetória de êxito, com o Brasil bem-posicionado para liderar inovações no setor de TI e seguir crescendo em notoriedade no cenário global. O estudo da ABES/IDC é mais do que uma análise do mercado, é uma fonte de inspiração e orientação para os protagonistas do setor de TI no Brasil e um reflexo da capacidade que o país possui de se reinventar e inovar continuamente. 

*Jorge Sukarie é membro do conselho da Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES), sócio fundador e CEO da Brasoftware.

Aviso: A opinião apresentada neste artigo é de responsabilidade de seu autor e não da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software

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