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*Por Kaleu Flório

Um dos principais desafios do meio acadêmico é superar a distância entre o conhecimento científico do prático, tão importante para a colocação e desenvolvimento profissionalA teoria ensinada nas salas de aula, muitas vezes, não se traduz em competências aplicáveis no ambiente corporativo. E à medida que nos adaptamos a um mundo em constante evolução, é necessário repensar a forma como preparamos os jovens para os desafios futuros.

A psicóloga Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna, costuma comparar a evolução da escola com outros setores, e nos ajuda a refletir sobre a importância de levar a realidade do mercado às universidades. Ela comenta que se fôssemos teletransportados para o século 19, encontraríamos a mesma sala de aula de hoje, a mesma lousa e os mesmos alunos enfileirados. É certo que temos, atualmente, computadores, tablets e celulares nas mãos de quase todos, mas ainda não parece ser suficiente.

A pesquisa Connected Student Report, da Salesforce, feita com cerca de 2.600 jovens universitários mostra esse cenário. Segundo o estudo, 47% dos estudantes escolheram o curso com base no potencial de uma boa carreira, mas apenas 11% se sentem preparados para começar a trabalhar, após finalizar a graduação.

E quando olhamos para as faculdades de contabilidade, administração e negócios, por exemplo, essa discrepância se intensifica. Muito do que se aprende nas universidades não é usado pelo aluno por ser muito teórico.

Ao chegar nas empresas, os novos profissionais se deparam com uma prática profissional diferente da que foi apresentada, ao longo de anos de estudos, deixando tudo complicado. Forçando-o a aprender a usar ferramentas que fazem parte da realidade do mercado há anos, mas não são abordadas em salas de aula e poderiam muito fazer parte do cronograma de aulas, principalmente as dos semestres finais, períodos focados na aplicabilidade do curso.

Como podemos, então, aproximar cada vez mais os estudantes das atividades corporativas e familiarizá-los com as tecnologias utilizadas no cotidiano da gestão empresarial? É fundamental que as universidades adotem uma abordagem mais prática e orientada para o desenvolvimento das funções profissionais.

Muito além da oferta de gadgets, isso significa integrar experiências e proporcionar aos alunos a oportunidade de aplicar seus conhecimentos em contextos relevantes.

Entendo que um caminho para essa questão é a proximidade entre as instituições de ensino e as empresas desenvolvedoras de plataformas e tecnologias. Com esse tipo de parceria, a faculdade consegue se destacar ao oferecer mais empregabilidade e os alunos a assumirem posições mais competitivas, frente aos desafios da profissão.

Além disso, a prática não apenas enriquece a compreensão teórica, mas também estabelece conexões valiosas que podem criar oportunidades futuras. E essa integração não é apenas benéfica às faculdades. As empresas também se beneficiam ao colaborar com instituições educacionais, pois têm a possibilidade de moldar e instruir a próxima geração de profissionais, de acordo com suas necessidades específicas.

Em um mundo em que as habilidades mudam rapidamente e a inovação é a chave para o sucesso, é necessário aperfeiçoar desde cedo uma mentalidade de crescimento e preparar-se para as transformações. Não se trata apenas de desenvolver os alunos, mas de contribuir para o avanço da inovação na nossa sociedade como um todo e acelerar a ascensão do mercado brasileiro, especialmente no setor das pequenas e médias empresas, que só em 2023, gerou cerca de 100 mil postos de trabalho.

*Kaleu Flório, coordenador pedagógico da Omie.Academy

Aviso: A opinião apresentada neste artigo é de responsabilidade de seu autor e não da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software

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