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Por Rodolfo Fücher, presidente da ABES

 
Em qualquer outro ano pós-eleições presidenciais, estaríamos vivendo o que é comumente chamado de “lua de mel” (período de no máximo 6 meses em que o novo governo e o mercado financeiro vivem um romance). Neste ano, no entanto, essa relação está acabando cedo demais. Quase quatro meses após a tomada de posse, fica claro que, se a reforma da Previdência não for aprovada, o país enfrentará momentos de muita instabilidade econômica e política.

 
A reforma da Previdência não é só necessária para garantir a sua, a minha e, principalmente, a aposentadoria das pessoas mais necessitadas, e equilibrar as contas públicas, mas sim para reconquistar credibilidade na economia e no mercado brasileiro, após o pior período recessivo enfrentado no Brasil.
 
Convém lembrar que, atualmente, o mundo está atravessando um período de transformação digital (ou 4ª revolução industrial), cujo ponto focal é a inovação. Grandes economias e empresas estão investindo massivamente em pesquisa e desenvolvimento para encabeçar o pioneirismo no 5G, projetos de IoT (Internet das Coisas), Inteligência Artificial, entre outras inovações disruptivas. Dentro desse cenário global cada vez mais competitivo, a inovação, que gera novas oportunidades, novos mercados e formas de consumo, se torna questão de sobrevivência para um país em desenvolvimento como o Brasil.
 
No entanto, para desenvolver e colocar em prática novas ideias, e conseguir competir com grandes economias, é preciso que haja investimentos internos, mas também fundamentalmente externos. E é neste ponto que a reforma da previdência ajudará a garantir que o mercado brasileiro seja mais atraente para investidores externos. O Brasil já possui um problema enraizado de atração de investidores devido a questões regulamentárias e tributárias e, caso a reforma da Previdência não seja aprovada, esse cenário só tende a piorar – quem arriscará investir em novos empreendimentos e startups em um país mergulhado na pior crise de sua história, com total descontrole das contas públicas, sem orçamento para novos investimentos em infraestrutura, saúde, educação e o pior, com altíssimo índice de desemprego?
 
O Relatório Global de Competitividade, divulgado pelo Fórum Econômico Mundial, em 2018, coloca o Brasil em 72º lugar no ranking de competitividade e como um dos países com maior sobrecarga de regulações imposta pelo setor público entre 140 países pesquisados. O país também foi considerado um dos menos preparados para se adaptar à revolução tecnológica.
 
Fica claro o reflexo desta reforma na recuperação econômica do Brasil e nos investimentos externos. Assim que aprovada e superado o período de instabilidade e insegurança, investidores voltarão a se interessar por inovações desenvolvidas no Brasil, movimentando o fluxo de dinheiro novo na economia. 
 
A reforma da previdência sozinha não será a chave para todos os problemas econômicos do país, mas certamente é ponto fundamental. Somada as ações concretas do novo governo para reduzir burocracias, eliminar entraves regulatórios e, o mais importante, para obter melhora da eficiência e da qualidade dos serviços públicos, explorando os benefícios da tecnologia, poderemos começar a vislumbrar um ambiente mais seguro e atrativo para investimentos.

 
 

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